Bukele Critica Moeda Fiduciária e Impostos no CPAC: “Papel Garantindo Papel”

Assista o corte do vídeo de Bukele no CPAC:

https://www.instagram.com/reel/DLsEJoYsJzS/?igsh=MW1pY2dvdHdlODRleg==

 

Em um discurso no CPAC (Conservative Political Action Conference), o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, teceu fortes críticas ao sistema de moeda fiduciária e ao modelo de financiamento governamental baseado em impostos, classificando-o como uma “farsa”. Ele focou especificamente no Federal Reserve (FED) dos Estados Unidos, alegando que a instituição financia o governo americano através da impressão de dinheiro e da compra de Títulos do Tesouro (Treasure Bonds).

Bukele descreveu esse processo como “papel garantindo papel”, sugerindo que não há um lastro real ou valor intrínseco por trás da moeda e dos títulos. Segundo o presidente, essa dinâmica cria uma “bolha” que, inevitavelmente, “vai estourar”.

A declaração de Bukele ecoa preocupações de diversos economistas e investidores que questionam a sustentabilidade de dívidas soberanas crescentes e o impacto da impressão de dinheiro sem limites na economia global. Suas falas também se alinham à sua conhecida postura a favor de criptomoedas, como o Bitcoin, que ele defende como uma alternativa descentralizada e com oferta limitada, imune às manipulações dos bancos centrais.

As críticas de Bukele ao sistema financeiro tradicional não são novas, mas sua contundência no CPAC reforça sua visão de que o modelo atual é insustentável e propenso a um colapso futuro.

O que é o CPAC?

CPAC significa Conservative Political Action Conference, que em português pode ser traduzido como Conferência de Ação Política Conservadora.

É um grande evento político que acontece anualmente, organizado por conservadores nos Estados Unidos. Desde 1973, a CPAC reúne figuras proeminentes, ativistas e organizações conservadoras para discutir e promover ideias e políticas alinhadas com o conservadorismo.

Nos últimos anos, o evento tem ganhado visibilidade internacional, com edições sendo realizadas em outros países, incluindo o Brasil (CPAC Brasil).

A visão de Bukele

A visão de Nayib Bukele de que o sistema de moeda fiduciária e o financiamento governamental via impressão de dinheiro e compra de títulos do Tesouro criam uma “bolha” é uma perspectiva que tem raízes em algumas escolas de pensamento econômico, principalmente a Escola Austríaca de Economia.

 

Por que alguns veem isso como uma “bolha”:

 

  • Expansão Artificial da Moeda: O argumento central é que, quando o banco central (como o FED) “cria” dinheiro para comprar títulos do governo, ele está injetando moeda na economia sem um aumento correspondente na produção de bens e serviços. Isso dilui o valor da moeda existente, o que é percebido como inflação.
  • Distorção de Preços e Alocações: Essa injeção de dinheiro e a consequente baixa das taxas de juros (já que o banco central se torna um grande comprador de dívida) podem distorcer os sinais de preço na economia. Isso pode levar a malinvestimentos, onde recursos são direcionados para projetos que não seriam viáveis em um ambiente de taxas de juros “naturais” (determinadas pela poupança real). Quando essas distorções se tornam insustentáveis, a “bolha” estoura, resultando em recessões ou crises.
  • “Papel Garantindo Papel”: A expressão de Bukele “papel garantindo papel” reflete a crítica de que a moeda fiduciária não tem lastro em algo tangível (como ouro ou prata), e os títulos do Tesouro são essencialmente promessas de pagamento futuras do próprio governo, que por sua vez, pode optar por imprimir mais dinheiro para honrar essas promessas. Isso levanta preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo se a confiança no sistema for abalada.
  • Dívida Crescente: A dependência da impressão de dinheiro para financiar déficits governamentais pode levar a um aumento contínuo da dívida pública. A capacidade de um governo de pagar essa dívida sem recorrer a mais impressão de dinheiro ou a um aumento significativo de impostos é uma preocupação fundamental.

 

Perspectivas Alternativas:

 

É importante notar que essa visão não é universalmente aceita. Muitos economistas keynesianos e monetaristas defendem que a política monetária expansionista, como a praticada pelo FED, é uma ferramenta necessária para estabilizar a economia, combater recessões e manter o pleno emprego. Eles argumentam que:

  • Controle da Inflação: Bancos centrais modernos possuem ferramentas para controlar a inflação e não simplesmente “imprimem dinheiro sem limites”.
  • Gestão da Dívida: A dívida pública, em países com moedas de reserva como o dólar americano, é vista como gerenciável e crucial para o financiamento de investimentos e serviços públicos.
  • Confiança no Sistema: A confiança no dólar americano como moeda de reserva global e a capacidade do governo dos EUA de honrar suas dívidas são fatores que sustentam o sistema atual.

 

Conclusão:

 

A afirmação de Bukele sobre uma “bolha” reflete uma preocupação genuína com a sustentabilidade do sistema financeiro global e a desvalorização da moeda através da impressão. Se isso realmente levará a um colapso iminente, como ele sugere, é um debate complexo e contínuo entre diferentes escolas de pensamento econômico. No entanto, suas declarações destacam as tensões e os riscos percebidos no modelo atual de financiamento governamental e política monetária.

 

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