Criação de Moeda e Inflação

A criação de moeda na economia é um processo complexo e multifacetado, essencial para o funcionamento do sistema financeiro. Ela ocorre de três formas principais: moeda metálica, papel-moeda e moeda escritural. Cada uma dessas formas tem seu próprio processo de criação e impacto na economia.


 

Formas de Criação de Moeda

 

 

1. Moeda Metálica

 

  • Quem cria: No Brasil, a criação de moeda metálica é responsabilidade do Banco Central do Brasil (BACEN), mas a fabricação é realizada pela Casa da Moeda do Brasil.
  • Como se cria: As moedas metálicas são produzidas a partir de ligas metálicas, cunhadas com símbolos e valores específicos. É um processo de fundição e estampagem que garante peso padronizado e teor do metal.
  • Impactos: A moeda metálica representa uma pequena parcela da oferta monetária total e é utilizada principalmente para transações de baixo valor. Sua emissão está ligada à necessidade de troco e circulação física.

 

2. Papel-Moeda

 

  • Quem cria: Assim como a moeda metálica, o Banco Central do Brasil (BACEN) é o responsável pela emissão do papel-moeda, e a fabricação é feita pela Casa da Moeda do Brasil. A quantidade a ser emitida é definida com base na política econômica do país.
  • Como se cria: O papel-moeda é impresso em papel especial de alta resistência, com diversas camadas e elementos de segurança (como marcas d’água e relevos) para dificultar a falsificação. O processo envolve várias etapas de impressão e secagem.
  • Impactos: O papel-moeda, ou cédulas, é a forma mais comum de dinheiro físico em circulação. Sua emissão pelo Banco Central, ao aumentar a quantidade de dinheiro disponível, pode impactar a liquidez da economia e, dependendo do contexto, influenciar os níveis de preços.

 

3. Moeda Escritural (ou Bancária)

 

  • Quem cria: A moeda escritural é criada principalmente pelos bancos comerciais através da concessão de créditos. Embora o Banco Central defina as regras e supervise, a criação efetiva ocorre no sistema bancário.
  • Como se cria: A moeda escritural não tem existência física. Ela surge quando os bancos comerciais concedem empréstimos. Por exemplo, quando um banco aprova um empréstimo para um cliente, ele não entrega dinheiro físico, mas sim credita o valor na conta corrente do cliente. Esse valor, que antes não existia, torna-se um depósito à vista e passa a ser moeda disponível para transações (cheques, transferências eletrônicas como TED e Pix). Ou seja, a cada novo empréstimo, há uma “criação” de dinheiro novo na forma de depósitos.
  • Impactos: A moeda escritural é a forma mais significativa de moeda na economia moderna. Sua criação via crédito impulsiona investimentos, consumo e atividade econômica. No entanto, um crescimento descontrolado do crédito pode gerar impactos negativos.

 

Programas de Crédito Subsidiados e a Criação de Moeda Escritural

 

Programas de crédito subsidiados pelos bancos comerciais são uma forma importante pela qual novas moedas escriturais são criadas, injetando mais moeda em circulação na economia e aumentando a base monetária.

Quando um governo ou o Banco Central estimula a concessão de crédito através de subsídios (como juros mais baixos para setores específicos), os bancos comerciais são incentivados a emprestar mais. Ao conceder esses empréstimos, eles criam novos depósitos bancários, que são moeda escritural. Esse aumento nos depósitos à vista eleva a quantidade de dinheiro disponível na economia.


 

Base Monetária e Inflação

 

O aumento da quantidade de moeda em circulação, especialmente a moeda escritural criada pelos bancos via crédito, está diretamente relacionado com a base monetária e a inflação.

  • Base Monetária: É a soma do papel-moeda em poder do público e das reservas bancárias (os depósitos que os bancos comerciais mantêm no Banco Central). É o dinheiro de “alta potência” controlado diretamente pelo Banco Central. Quando os bancos comerciais criam moeda escritural através de empréstimos, uma fração desses novos depósitos pode ser convertida em reservas bancárias ou em dinheiro físico, aumentando assim a base monetária indiretamente, ou, mais diretamente, aumentando os agregados monetários mais amplos (M1, M2, etc.).
  • Inflação: É o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços em uma economia. Consequentemente, cada unidade de moeda perde poder de compra.

 

Relação entre Aumento da Base Monetária e Inflação

 

A teoria econômica, especialmente a Teoria Quantitativa da Moeda, sugere que, no longo prazo, um aumento na quantidade de moeda em circulação (ou na base monetária, que influencia essa quantidade) sem um aumento proporcional na produção de bens e serviços tende a causar inflação.

Isso acontece porque, se há mais dinheiro disponível na economia para a mesma quantidade de bens e serviços, as pessoas e empresas terão mais capacidade de compra, o que pode levar a um aumento da demanda. Se a oferta não consegue acompanhar esse aumento da demanda, os preços tendem a subir. Ou seja, “muito dinheiro correndo atrás de poucos bens” resulta em preços mais altos.

Em resumo, a criação de moeda, seja física ou escritural, é uma ferramenta poderosa para impulsionar a economia. No entanto, seu controle é fundamental para evitar desequilíbrios, como a inflação, que erode o poder de compra da população e prejudica a estabilidade econômica. O Banco Central desempenha um papel crucial nesse controle, regulando a oferta monetária para garantir um crescimento econômico sustentável e a estabilidade dos preços.

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