Para Olavo de Carvalho, a democracia totalitária é um conceito que descreve um regime que, embora mantenha as aparências e rituais democráticos (como eleições), na prática, exerce um controle totalitário sobre a sociedade. Ele se baseia no conceito de “As Origens da Democracia Totalitária” de Jacob Talmon, mas o expande em sua análise da realidade contemporânea.
Em essência, a democracia totalitária, segundo Olavo de Carvalho, se manifesta quando:
- O controle é exercido de forma sutil e difusa: Ao invés de uma ditadura explícita com violência policial ostensiva, o controle é imposto por meio de uma rede de canais de atuação social (mídia, educação, cultura, órgãos reguladores) que são controlados ou cooptados pelo governo ou por uma elite ideológica.
- A sociedade é enfraquecida e incapaz de se articular: A autonomia da sociedade civil é gradualmente erodida. Não há meios eficazes para a sociedade se organizar e resistir ao Estado. Ele cita, por exemplo, a dificuldade para criar partidos de oposição genuínos ou a impossibilidade de uma resistência cultural, pois os canais de ação cultural estão dominados por um mesmo poder.
- As eleições são uma fachada: A existência de eleições não garante a liberdade, pois o sistema já está tão manipulado que o resultado efetivo é sempre o mesmo, ou as opções são meramente decorativas. A população é levada a crer que vive em uma democracia, mesmo estando sob um regime de controle absoluto.
- A pressão não é direta do governo, mas da própria sociedade: Olavo de Carvalho argumenta que, neste tipo de regime, a opressão não vem apenas da força policial, mas de uma pressão exercida pela própria população, que, por medo ou por estar ideologicamente alinhada (sem perceber a manipulação), oprime os que discordam.
- O Estado se sobrepõe à sociedade: A sociedade perde sua capacidade de autodeterminação, e o Estado passa a determinar tudo na vida dos cidadãos, desde aspectos políticos até os mais ínfimos detalhes da vida privada, sem que haja contestação ou meios de revertir essa situação.
Olavo de Carvalho via essa “democracia totalitária” como uma evolução perigosa do totalitarismo clássico, pois ela se disfarça de liberdade, tornando a resistência ainda mais difícil. Ele frequentemente afirmava que essa forma de regime já estaria em vigor em vários países, incluindo o Brasil, ainda que de forma “imperfeita”.