O terrômetro é um instrumento de medição especializado que tem como principal função medir a resistência de aterramento. Em termos mais simples, ele avalia a qualidade da conexão entre a instalação elétrica e a terra. Essa medição é crucial para a segurança de pessoas e equipamentos, pois um bom aterramento é a principal via de fuga para correntes elétricas indesejadas, como em curtos-circuitos ou descargas atmosféricas.
Vamos detalhar a função e o funcionamento do terrômetro para diferentes públicos.
Para o Leigo: O Terrômetro como uma “Verificação de Segurança”
Imagine o sistema de aterramento como um “plano de fuga” para a eletricidade. Quando um problema acontece (um fio desencapado tocando a carcaça de um aparelho, por exemplo), a corrente elétrica precisa de um caminho fácil e seguro para ser dissipada, sem passar pelo seu corpo. Esse caminho é o aterramento.
O terrômetro age como um inspetor que verifica se esse plano de fuga está funcionando bem. Ele não mede a eletricidade da sua tomada, como um multímetro, mas sim a “qualidade” do aterramento.
- O que ele mede: A resistência do solo. A resistência é a oposição que o material (no caso, a terra) oferece à passagem da corrente elétrica.
- O que o resultado significa:
- Resistência baixa: Sinal de que o “plano de fuga” é excelente. A corrente elétrica pode se dissipar facilmente no solo, protegendo você e seus aparelhos.
- Resistência alta: Sinal de que há um problema. O “plano de fuga” está bloqueado ou é ineficiente. A corrente não consegue se dissipar bem, o que aumenta o risco de choques e danos aos equipamentos.
Basicamente, o terrômetro te dá um número em Ohms (). Quanto menor esse número, mais seguro e eficiente é o aterramento. A NBR 5410, norma brasileira para instalações elétricas, estabelece que a resistência de aterramento deve ser a menor possível, idealmente abaixo de .
Para o Técnico: O Terrômetro e o Método de Queda de Potencial
Para o profissional, o terrômetro é uma ferramenta essencial para garantir que as instalações elétricas estejam em conformidade com as normas técnicas. O princípio de medição mais comum em terrômetros de três hastes é o Método de Queda de Potencial (também conhecido como método de 62%).
Como funciona:
- Injeção de Corrente: O terrômetro é conectado à haste de aterramento sob teste (ponto E). A partir dele, ele injeta uma corrente alternada (para evitar a polarização do solo) através de uma haste auxiliar de corrente (ponto C), fincada no solo a uma distância considerável do ponto E.
- Medição de Tensão: Ao mesmo tempo, uma terceira haste, a haste de potencial (ponto P), é fincada no solo entre as duas primeiras, em uma posição estratégica. Essa haste mede a queda de tensão no solo causada pela passagem da corrente.
- Cálculo da Resistência: O terrômetro usa a Lei de Ohm para calcular a resistência. Ele divide o valor da tensão medida pelo valor da corrente injetada (). O resultado é a resistência do aterramento.
A importância da medição correta:
- Hastes auxiliares: A distância e a posição das hastes C e P são críticas para uma medição precisa. A norma NBR 15.749 especifica as distâncias a serem usadas para evitar a sobreposição das “zonas de influência” das hastes, que poderiam falsear o resultado. O método de 62% é um dos mais utilizados para essa finalidade.
- Terrômetros Tipo Alicate: Existem modelos mais modernos (terrómetros alicate) que não precisam de hastes auxiliares. Eles funcionam injetando uma corrente e medindo a que retorna pelo mesmo cabo, sendo mais práticos para locais com anéis de aterramento ou sistemas com múltiplos pontos, onde um “laço” fechado já existe.
Em resumo, enquanto para o leigo o terrômetro é um verificador de segurança, para o técnico ele é um instrumento de precisão que, através de princípios físicos e normativos, quantifica a eficácia de um sistema de aterramento, garantindo a conformidade e a proteção de toda a instalação elétrica.