Existem duas funções principais para o aterramento elétrico, essenciais para a segurança e o bom funcionamento de uma instalação: o aterramento de proteção e o aterramento funcional. Embora ambos usem a terra como referência, seus objetivos e aplicações são distintos.
Aterramento de Proteção
O aterramento de proteção é a principal medida de segurança para as pessoas e os equipamentos. Seu objetivo é proteger contra choques elétricos causados por contatos indiretos. Ele conecta todas as partes metálicas dos equipamentos (as “massas”) ao solo.
A função principal desse tipo de aterramento é fornecer um caminho de baixa resistência para a corrente de fuga, caso haja uma falha no isolamento elétrico de um aparelho. Imagine que o fio fase (energizado) encoste na carcaça metálica de uma máquina de lavar. Sem o aterramento de proteção, a carcaça ficaria energizada e qualquer pessoa que tocasse nela receberia um choque elétrico.
Com o aterramento de proteção, a corrente de fuga é imediatamente desviada para o solo através do condutor de aterramento. Esse desvio de corrente é detectado por dispositivos de proteção, como os disjuntores e DRs, que desligam o circuito, eliminando o risco de choque.
Aterramento Funcional
O aterramento funcional, por outro lado, tem como objetivo garantir o bom funcionamento do sistema elétrico. Ele é a ligação intencional de um dos condutores do sistema (geralmente o neutro) à terra, na origem da instalação.
A principal função é estabilizar a tensão da instalação em relação à terra e limitar sobretensões (picos de tensão) que podem ser causadas por descargas atmosféricas (raios) ou manobras na rede elétrica. Isso garante que os equipamentos funcionem dentro das tensões para as quais foram projetados, prolongando sua vida útil e evitando danos.
Outra função importante do aterramento funcional é fornecer um caminho de retorno para as correntes de curto-circuito à terra, facilitando a atuação dos dispositivos de proteção.
Resumo das Diferenças
Característica | Aterramento de Proteção | Aterramento Funcional |
Objetivo | Proteger pessoas e equipamentos contra choques elétricos. | Garantir o funcionamento correto do sistema e estabilizar a tensão. |
Conexão | Liga as partes metálicas dos equipamentos à terra. | Liga um dos condutores do sistema (normalmente o neutro) à terra. |
Função | Desviar correntes de fuga e permitir a atuação das proteções. | Estabilizar a tensão e limitar sobretensões. |
Ambos os tipos de aterramento são cruciais para um sistema elétrico seguro e eficiente, e uma instalação elétrica moderna e em conformidade com as normas técnicas (como a NBR 5410) deve ter os dois.
Outras Funções
O aterramento não se limita apenas às funções de proteção e funcional. Embora essas sejam as mais conhecidas e fundamentais, existem outros tipos de aterramento com finalidades específicas, como:
- Aterramento Temporário: Este tipo de aterramento é usado para garantir a segurança dos eletricistas durante trabalhos de manutenção em redes que foram desenergizadas. Ele curto-circuita e aterra a rede para protegê-los de uma possível reenergização acidental. É uma medida de segurança obrigatória, de acordo com a norma regulamentadora NR10.
- Aterramento de Para-Raios (SPDA): A principal função deste sistema de aterramento é proteger as estruturas e os equipamentos contra danos causados por descargas atmosféricas (raios). Ele capta a energia do raio e a dissipa com segurança no solo através de um sistema de condutores e eletrodos.
- Aterramento para Escoamento de Cargas Estáticas: Alguns equipamentos e instalações acumulam cargas estáticas que podem danificar componentes eletrônicos sensíveis ou causar choques. O aterramento é usado para descarregar essas cargas estáticas para a terra.