Uma Verdade Universal: Somos Todos Devedores

Hoje escutei o seguinte:

“Existem dois tipos de pessoas: As que devem alguma coisa a alguém e as que não devem nada a ninguém. Eu não devo nada a ninguém.”

Ao escutar isso me veio à mente um pensamento:

Há uma verdade universal: Somos todos devedores.

À luz da Doutrina Espírita, neste artigo, explicamos nossa natureza espiritual, a imortalidade da alma, nossa imperfeição, o Evangelho de Jesus como guia, a evolução como caminho único possível, nossa dívida recíproca e interconexão existencial múltipla por meio da reencarnação, das provas e expiações, em uma execução perfeita da justiça divina.

A frase que ouvi, “Eu não devo nada a ninguém”, soa como uma afirmação de autonomia, mas, vista sob a ótica da Doutrina Espírita, ela se desfaz diante de uma verdade muito mais profunda e abrangente: a de que, de fato, somos todos devedores. Essa dívida, no entanto, não é meramente material ou financeira; ela é uma teia complexa de interconexões e responsabilidades que molda nossa jornada espiritual.

 

A Jornada da Alma e a Dívida Existencial

 

A Doutrina Espírita nos ensina que a alma é imortal e está em constante processo de evolução. Partimos de um estado de imperfeição, com o objetivo de alcançar a perfeição moral e intelectual, que é o nosso destino final. Essa jornada não é solitária, pois estamos intrinsecamente ligados uns aos outros por laços de causa e efeito, de amor e de resgate.

O pensamento de que “não devemos nada a ninguém” ignora a nossa verdadeira natureza espiritual e as inúmeras interações que moldam quem somos. Pense em tudo o que recebemos: a vida, o cuidado dos pais, a educação dos professores, a oportunidade de aprender com os erros e acertos dos outros. Tudo isso é um legado que nos é concedido e que, de alguma forma, gera uma responsabilidade.

 

A Justiça Divina e a Lei de Causa e Efeito

 

A justiça divina é expressa de forma perfeita nas leis que regem o universo, e uma das mais importantes é a lei de causa e efeito. Cada pensamento, palavra e ação que emitimos cria uma consequência que, cedo ou tarde, retornará a nós. Se causamos sofrimento a alguém, geramos um débito moral. Se agimos com bondade, criamos um crédito de luz.

Essa lei não é punitiva, mas sim corretiva. A reencarnação é o instrumento de que a justiça divina se serve para nos dar a chance de quitar esses débitos. As provas e expiações que enfrentamos em cada nova vida são oportunidades de aprendizado e de resgate. As expiações, em particular, são os momentos em que a alma passa por provações para purificar-se, pagando, assim, as dívidas do passado. E as provas são os desafios que a alma pede para si, para exercitar sua força, seu conhecimento e sua evolução.

 

O Evangelho de Jesus como Guia

 

O Evangelho de Jesus é o nosso guia supremo nessa jornada. Seus ensinamentos sobre o amor ao próximo, a caridade, o perdão e a humildade são a chave para compreendermos e sanarmos nossas dívidas. Jesus não nos ensinou a sermos autosuficientes, mas a sermos interdependentes, a nos reconhecermos como irmãos em um único caminho.

Quando perdoamos, não apenas liberamos o outro, mas também a nós mesmos, quitando uma parte de nossa dívida kármica. Quando praticamos a caridade, estamos exercitando a lei de amor, que é a base de toda a criação, e nos conectamos com a nossa essência divina.

A frase “Eu não devo nada a ninguém” é, na realidade, um reflexo de uma ilusão. A verdade é que estamos todos ligados por um fio invisível de causa e efeito, e nossa jornada de evolução é a busca contínua por quitar nossos débitos, seja através do perdão, da caridade ou do amor incondicional, pois é somente assim que alcançaremos a plenitude.

Afinal, a maior dívida que temos é conosco mesmos: a de nos tornarmos o que fomos criados para ser, a imagem e semelhança do nosso Criador. E você, como enxerga essa interconexão existencial em sua própria vida?

 

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