A Guerra no Contexto da Doutrina Espírita: Liberdade e Progresso

A guerra, com sua face de dor e destruição, sempre foi um dos temas mais complexos e perturbadores da história da humanidade. Para o Espiritismo, essa questão não é diferente.

No entanto, a Doutrina Espírita oferece uma perspectiva única sobre o papel da guerra, não a justificando como um bem, mas a enxergando como um mal necessário em certas circunstâncias para o progresso moral e social da humanidade.

Assista o vídeo de Olavo de Carvalho (@olavodecarvalho):

Vídeo. Disponível em https://www.instagram.com/reel/DOZS4o7Dp8F/?igsh=MTduMDh5NDZ3aTZpbw==

 

A pergunta 742 de O Livro dos Espíritos aborda diretamente a questão da guerra e seu papel. Allan Kardec questiona se a guerra desaparecerá um dia e os Espíritos Superiores respondem:

“Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. A guerra nasce do orgulho e do egoísmo: praticarão a paz quando a caridade reinar.”

Essa resposta, por si só, já aponta para a origem e o fim da guerra. Ela não é um destino inevitável, mas um reflexo da imaturidade moral da humanidade. A guerra é uma manifestação do orgulho e do egoísmo, sentimentos que nos afastam da lei divina de amor e caridade.

No entanto, a Doutrina Espírita também reconhece que, em certos momentos da história, a guerra, apesar de ser um mal, pode impulsionar o progresso. A pergunta 744 é crucial para essa compreensão:

“Que é o que faz com que a guerra seja um flagelo tão terrível?”

“O instinto da ferocidade, a preponderância da matéria sobre o espírito e a animalidade do homem.”

O que dizer dos homens que fazem a guerra para se libertarem do jugo de um tirano?

“Eles agem como os animais selvagens, mas é um meio de progresso para a humanidade.”

Essa última parte da resposta pode parecer paradoxal à primeira vista. Como a guerra, um ato de tamanha violência, pode ser um meio de progresso? A resposta está na finalidade da ação.

Quando a guerra é travada para libertar um povo da opressão, para romper com a tirania e defender a liberdade, ela assume um papel de catalisador. Ela serve como um “mal menor” para evitar um mal maior, que seria a estagnação e o aprisionamento de uma sociedade sob o domínio de um regime opressor. O sofrimento e a dor causados pela guerra, nesse contexto, geram um impulso para que a humanidade busque a justiça, a igualdade e a paz.

 

A Guerra como Expurgo e Alavanca

 

É importante notar que a Doutrina Espírita não glorifica a guerra. Ela a enxerga como uma prova coletiva, um processo doloroso que serve para expurgar vícios sociais e forçar a humanidade a evoluir. As guerras são como grandes crises que desmascaram o que há de pior na natureza humana, mas, ao mesmo tempo, geram a necessidade de reconstrução e de um novo olhar sobre a vida.

A guerra também atua como uma alavanca para o progresso material e científico. O avanço tecnológico, muitas vezes impulsionado por conflitos bélicos, acaba por beneficiar a humanidade, mesmo que tenha nascido de propósitos destrutivos. A Doutrina, no entanto, deixa claro que o progresso moral deve acompanhar o progresso científico, para que a inteligência humana não seja usada para fins de aniquilação.

 

O Futuro da Humanidade e o Fim da Guerra

 

Apesar de reconhecer o papel da guerra no passado e no presente, o Espiritismo sustenta que ela não é o nosso destino final. A medida que a humanidade evolui moralmente, o orgulho e o egoísmo são substituídos pela caridade e pela fraternidade. Nesse estágio, a guerra se tornará obsoleta, um resquício de uma época de ignorância e materialismo.

Até lá, a guerra continuará a ser uma triste realidade, um lembrete do nosso longo caminho evolutivo. Como médiuns espíritas, nosso papel não é justificar a guerra, mas sim buscar compreender seu significado, orar pelas vítimas e trabalhar incansavelmente pela paz, semeando a justiça e a caridade em nossas vidas e em nossa sociedade. Somente quando a lei de amor reinar em nossos corações, a guerra se tornará uma página virada na história da humanidade.

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