“o Reino de Deus não vem com sinais visíveis… pois o Reino de Deus está dentro de vós”. (Lucas 17:21)
Você já sentiu aquele vazio, mesmo em meio à multidão? Aquele impulso incontrolável de preencher cada silêncio com o barulho de uma notificação, de uma conversa, de uma festa? É como se estivéssemos sempre procurando um mapa, mas não para encontrar um lugar, e sim para encontrar a nós mesmos em algum outro. A frase “Quem aprende a desfrutar da própria companhia nunca se perde” nos oferece a bússola mais poderosa que existe: o caminho de volta para casa, para dentro de nós.
Assista o vídeo do perfil Rock’n Roll (@roqueiroonline):
Vídeo. Disponível em https://www.instagram.com/reel/DOZ0LhnDtTD/?igsh=MTdoc3ViNjJoOHAwcg==
A Neurociência da Solidão e a Paz Interior
Em nosso cérebro, existe uma área chamada rede de modo padrão (default mode network). Ela se ativa exatamente quando não estamos focados em uma tarefa externa, ou seja, quando estamos “apenas pensando”. Essa é a nossa chance de nos conectar com nossos próprios pensamentos, memórias e emoções. O paradoxo é que, ao invés de usarmos esse tempo para a reflexão, a maioria de nós o preenche com distrações. Fugimos do nosso mundo interior porque, muitas vezes, ele nos assusta.
A neurociência mostra que a fuga constante do silêncio não nos protege; pelo contrário, nos torna emocionalmente dependentes do ambiente. Ao desfrutar da nossa própria companhia, treinamos o cérebro a encontrar conforto em si mesmo, a reorganizar ideias e a processar emoções sem a necessidade de estímulos externos. Esse é o primeiro passo para a autonomia emocional.
A Luz do Evangelho: O Reino de Deus Está Dentro de Vós
A moral de Jesus nos dá a base para essa jornada. Em Lucas 17:21, ele afirma que “o Reino de Deus não vem com sinais visíveis… pois o Reino de Deus está dentro de vós”. Esse ensinamento não é apenas poético; é um convite radical para olharmos para dentro. O Reino de Deus, aqui, é a paz, a serenidade, a sabedoria e o amor que carregamos em nossa essência.
A Doutrina Espírita complementa essa visão ao nos ensinar que somos Espíritos imortais, em constante evolução. Nosso corpo físico é apenas o veículo temporário. Dentro de nós, carregamos todo o aprendizado de vidas passadas, nossas conquistas morais e intelectuais. Buscar a própria companhia é, na verdade, uma viagem ao encontro do nosso Eu Espiritual, da nossa verdadeira identidade. É um ato de amor-próprio e de respeito à nossa própria jornada evolutiva.
A Nova Linguagem do Eu: Uma Reprogramação Mental
A neurolinguística nos ensina que as palavras que usamos para descrever a nós mesmos moldam nossa realidade. Se nos dizemos “sozinhos”, nossa mente cria a sensação de desamparo e carência. Mas e se mudarmos o discurso? E se passarmos a dizer “estou em paz comigo mesmo” ou “estou me dedicando a me conhecer”? A mente, que não distingue o que é real do que é imaginado, começa a reforçar essa nova percepção.
Ao desfrutar do silêncio, da leitura de um livro inspirador, de uma meditação ou de um simples café a sós, criamos âncoras emocionais positivas. A solidão, que antes era uma ameaça, se torna um santuário.
A Jornada do Herói Interior: Uma História de Vida
Conheço a história de uma pessoa que, como muitos, sempre precisou de companhia para se sentir completa. Seu calendário era uma maratona de encontros, festas e compromissos. O pavor do silêncio era tão grande que, ao se ver sozinha, a angústia tomava conta.
Um dia, as circunstâncias a obrigaram a passar um longo período em casa, sem a agenda lotada. O desespero inicial deu lugar à curiosidade. Ela começou a ler um livro que há tempos adiava. Em vez de ligar o rádio, colocou uma música suave e se permitiu apenas sentir. Aos poucos, percebeu que a melhor companhia que poderia ter estava ali, o tempo todo. A paz que buscava nos outros estava em seu próprio peito. Essa jornada a transformou de uma pessoa dependente para alguém que irradiava uma segurança tranquila. Quando voltou a se relacionar, percebeu que a qualidade das suas amizades e do seu amor havia melhorado imensamente, pois já não buscava preencher um vazio, mas sim compartilhar a plenitude.
O Presente de Se Conhecer: O Aprendizado que Liberta
Quem aprende a desfrutar da própria companhia ganha:
- Liberdade: A felicidade não depende mais de outras pessoas ou de eventos externos. Você se torna o protagonista da sua própria alegria.
- Discernimento: Relacionamentos, sejam de amizade ou amorosos, se tornam mais saudáveis, baseados em afinidade e não em carência.
- Paz Interior: A capacidade de silenciar o barulho do mundo para ouvir a voz da sua alma, que sussurra os caminhos mais sábios e verdadeiros.
Então, pare por um momento. Respire fundo. Qual a sua relação com a sua própria companhia? Está pronto para iniciar essa jornada para dentro de si mesmo? O mapa está em suas mãos. A casa, sempre esteve em seu coração.