O Sagrado é Inalienável: Sabedoria é Melhor que Prata e Ouro

Sumário

Não ganhe o mundo e perca sua alma. Sabedoria é melhor que prata e ouro. E onde há uma vontade sempre há um jeito. (Bob Marley)

Assista o vídeo de João Antonio | Autotransformação (@desnudosnaluz):

Vídeo. Disponível em https://www.instagram.com/reel/DQCVMesjkzn/?igsh=MWppa3h5bTBidmhidA==

 

A frase citada e atribuída a Bob Marley, é uma combinação poderosa de sabedoria espiritual e motivação.

 

Em Que Música Bob Marley Fala Isso?

 

As duas primeiras partes da citação de Bob Marley — “Não ganhe o mundo e perca sua alma. Sabedoria é melhor que prata e ouro.” — são encontradas na música “Zion Train”.

  • Música: “Zion Train”
  • Álbum: Uprising (1980)

O trecho original, em inglês, aparece como: “Don’t gain the world and lose your soul, wisdom is better than silver and gold.”

A terceira parte — “E onde há uma vontade sempre há um jeito.” (Em inglês: “Where there’s a will there’s a way.”) — é um provérbio comum na cultura anglo-saxã, mas que ressoa perfeitamente com a mensagem de esforço e determinação presente em várias músicas e declarações de Bob Marley, embora não seja o foco principal do verso de “Zion Train”.

 

O Que Ele Quis Dizer?

 

O significado da frase está profundamente enraizado na filosofia Rastafári e na mensagem espiritual de Jesus Cristo, adaptada à perspectiva de Bob Marley sobre a vida e a luta contra o materialismo opressor.

 

1. “Não ganhe o mundo e perca sua alma.”

 

Esta é uma paráfrase direta de um ensinamento bíblico, presente em Marcos 8:36 (e Mateus 16:26), onde Jesus pergunta: “Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”

Significado para Bob Marley:

  • Crítica ao Materialismo: Marley critica a busca incessante por riqueza, poder e posses materiais (“ganhar o mundo”). Ele alerta que essa busca, muitas vezes, leva as pessoas a comprometerem seus valores morais, sua integridade e sua essência espiritual (“perder sua alma”).
  • Prioridade Espiritual: A alma (ou o espírito/consciência, na visão Rastafári) é o que há de mais valioso. Não vale a pena sacrificar a paz interior, a moralidade e a conexão com o Divino (Jah) em troca de sucesso material temporário.

 

2. “Sabedoria é melhor que prata e ouro.”

 

Este trecho ecoa a sabedoria do Antigo Testamento (especialmente o livro de Provérbios).

Significado para Bob Marley:

  • Valorização do Conhecimento: A verdadeira riqueza reside na Sabedoria (Wisdom), que no contexto Rastafári e nas Escrituras, não é apenas conhecimento intelectual, mas sim o discernimento, a moralidade, a compreensão das Leis de Jah e a habilidade de viver de forma justa.
  • Foco na Permanência: Prata e ouro (riquezas materiais) são transitórios, podem ser perdidos ou roubados. A sabedoria e a força de caráter são inalienáveis e acompanham o espírito além da vida terrena.

 

3. “E onde há uma vontade sempre há um jeito.”

 

Este provérbio universal reflete o espírito de resistência e determinação que Bob Marley e o movimento Rastafári defendiam.

Significado para Bob Marley:

  • Empoderamento e Luta: A frase motiva as pessoas oprimidas a não desistirem. Se houver vontade (determinação, fé, propósito), haverá sempre um jeito (caminho, solução) para superar as dificuldades, a opressão e alcançar a liberdade, seja ela física ou mental.
  • Ação com Fé: É um chamado à ação, sugerindo que a fé deve ser acompanhada pelo esforço pessoal e pela persistência para que a mudança ocorra.

 

O Sagrado é Inalienável: Uma Análise Espírita e Inter-religiosa da Verdade Divina

 

O clamor da alma humana por algo que transcenda a matéria é universal e perpétuo. Em meio às diversas manifestações e interpretações religiosas, ressoa uma máxima fundamental que encontra eco profundo na Doutrina Espírita: “O sagrado é inalienável.” Esta frase, carregada de significado, nos convida a uma reflexão sobre a essência de Deus, o relacionamento do ser humano com o Divino e a verdadeira natureza da espiritualidade.

Aqui, exploraremos o conceito do sagrado sob a ótica etimológica, filosófica, religiosa e, especialmente, à luz do Espiritismo, confrontando interpretações humanas que historicamente buscaram aprisionar o Divino em dogmas, ritos e explorações.

 

1. A Etimologia e o Conceito Filosófico do Sagrado

 

 

1.1. Do Sacer Latino à Universalidade

 

A palavra “sagrado” tem sua raiz no latim sacer, que significava “sagrado, dedicado a”, mas curiosamente também podia ser interpretado como “amaldiçoado” ou “separado”. Essa duplicidade etimológica, presente desde a origem, já aponta para a ideia de algo separado do profano, do ordinário, seja para a veneração ou para a interdição.

 

1.2. O Sagrado na Filosofia e nas Tradições

 

Em um sentido filosófico e inter-religioso, o sagrado é aquilo que está relacionado à realidade última, ao Absoluto, que se manifesta de forma misteriosa e potente. É o domínio do transcendente, que inspira ao mesmo tempo reverência e temor.

  • Judaísmo e Cristianismo: O Sagrado está intimamente ligado à ideia de Deus (Yahweh/Jeová), que é Santo (separado, puro) e cuja vontade se manifesta na Lei e na Criação.
  • Hinduísmo e Budismo: O Sagrado pode ser encontrado no Brahman (o Absoluto impessoal) ou no conceito de Dharma (a ordem cósmica e moral) e na busca pelo Nirvana (cessação do sofrimento e do ciclo de renascimentos).
  • Filosofia: Filósofos como Mircea Eliade definiram o sagrado como uma hierofania (manifestação do sagrado) que se opõe ao profano, sendo a base de toda a vida religiosa.

Em todas as tradições, o sagrado é a esfera do inalienável – aquilo que não pode ser negociado, vendido ou subtraído da sua essência divina. A relação com o sagrado é intrínseca à condição humana, um impulso da alma em busca de sua origem.

 

2. A Bíblia Sob a Ótica da Razão e do Dogma

 

 

2.1. O Texto Sagrado Escrito e Modificado por Homens

 

A Doutrina Espírita, baseada na razão e na revelação dos Espíritos, propõe uma análise racional das Escrituras. A Bíblia, inegavelmente, é um texto de profundo valor espiritual e moral, mas foi escrita, copiada e compilada por homens em diferentes épocas e sob distintas influências culturais e políticas.

O estudioso espírita Américo D. Nunes Filho, em seu livro “Razão e Dogma”, e outros autores da área, salientam as incongruências e alterações no texto bíblico. O Livro Sagrado reflete, em muitas passagens, a mentalidade e os entendimentos imperfeitos dos tempos em que foi escrito, além de ter sido sujeito a intervenções humanas posteriores.

 

2.2. Divergências entre os Evangelistas e Alterações do Texto

 

As divergências entre os Evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João) são um claro indicativo da intervenção humana. Cada evangelista, escrevendo para um público específico e com objetivos particulares, apresentou a vida de Jesus sob uma perspectiva diferente.

  • Exemplos de Incongruências: Os relatos da Natividade e da Ressurreição, por exemplo, possuem detalhes distintos e, por vezes, divergentes, que indicam a ausência de uma única fonte inquestionável e a presença da memória e interpretação humana.

Essas variações não anulam o valor moral e espiritual dos ensinamentos de Jesus, mas reforçam a necessidade de aplicar a razão para discernir a essência divina da forma humana. A verdade de Jesus não está na letra, mas no Espírito.

 

3. A Contradição no Conceito de Deus: Antigo Testamento versus Novo Testamento

 

 

3.1. O Deus que Punia e o Deus que Amou

 

Uma das mais notórias incongruências reside na imagem de Deus apresentada no Antigo Testamento (A.T.) em contraste com o Novo Testamento (N.T.), por meio de Jesus.

  • Deus do A.T.: Em muitas passagens, é apresentado como um Deus irascível, vingativo, que ordena genocídios e pune o povo com flagelos. A ideia de um Deus que “assassinava” está em desacordo com a Lei de Amor.
  • Deus do N.T. (por Jesus): Jesus revela o Pai como a Soberana Bondade, a Perfeita Justiça e o Amor Incondicional. “Deus é amor” (1 João 4:8).

A Doutrina Espírita explica essa discrepância como um reflexo da lei do progresso. O Deus do A.T. é uma imagem ajustada ao entendimento de um povo em estágios primitivos de desenvolvimento moral, regido pela Lei do Talião (“olho por olho, dente por dente”). Jesus, como o Modelo e Guia, veio depurar essa imagem, trazendo a Verdade completa sobre a Paternidade Divina.

 

3.2. Justiça Divina: Causa e Efeito

 

A verdadeira Justiça Divina está em consonância com a Lei de Causa e Efeito e o Livre Arbítrio. Deus não pune ninguém no sentido de castigo arbitrário ou vingança; Ele ama a todos igualmente e provê a oportunidade de reparação e progresso.

O sofrimento é o resultado natural (o efeito) das nossas próprias escolhas imperfeitas (a causa), e não um castigo imposto por um Deus cruel. Deus é o Pai, e não o Juiz implacável.

 

4. O Medo como Ferramenta de Opressão e a Crítica de Jesus

 

 

4.1. A Exploração do Sagrado

 

A deturpação do conceito de Deus, apresentando-o como um ser a ser temido, foi historicamente utilizada como uma ferramenta de opressão e exploração por parte das estruturas de poder religioso. O medo do castigo eterno, da ira divina ou da condenação foi usado para subjugar consciências, controlar massas e garantir a obediência cega.

 

4.2. Os Vendilhões do Templo: A Profanação do Inalienável

 

A atitude de Jesus ao expulsar os “vendilhões do Templo” (Mateus 21:12-13; Marcos 11:15-17; Lucas 19:45-46; João 2:13-16) é um ato simbólico de repúdio à exploração e à mercantilização do sagrado. O Templo, a Casa de Oração (o Sagrado), havia se transformado em um “covil de ladrões” (o Profano), onde a fé era trocada por moeda e a espiritualidade era negociada.

Jesus criticou a transformação do culto em comércio, reiterando que o relacionamento com Deus deve ser puro, desinteressado e inalienável.

 

5. O Dízimo e a Mediunidade Gratuita no Espiritismo

 

 

5.1. O Dízimo e as Contribuições Voluntárias

 

O Espiritismo não adota a prática do dízimo (a obrigatoriedade da entrega de 10% dos rendimentos), por entender que tal prática remete às leis humanas e materiais da Lei Mosaica, não sendo uma lei divina imutável.

No Centro Espírita, as contribuições para a manutenção das obras são voluntárias e baseadas no princípio da caridade e do sustento mútuo, sem qualquer obrigação ou condicionamento de acesso às atividades ou à bênção divina. A fé, a moral e a assistência espiritual jamais podem ser cobradas.

 

5.2. A Mediunidade com Jesus: “Dai de Graça o que Recebestes de Graça”

 

A mediunidade, no Espiritismo, é encarada como uma faculdade orgânica e uma missão divina, inerente a todos os seres humanos em maior ou menor grau. Conforme o ensino de Jesus aos seus apóstolos: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8).

A gratuidade da mediunidade é um dos pilares éticos da Doutrina Espírita. Explorar o intercâmbio com os Espíritos, cobrando por passes, curas, consultas ou comunicações, é mercantilizar o dom de Deus e, portanto, profanar o sagrado. A mediunidade só existe pelo concurso dos Espíritos, não sendo propriedade do médium para ser vendida. É um compromisso moral e uma lei natural que exige desinteresse e devotamento.

 

Conclusão: O Sagrado, a Lei de Amor e o Inalienável

 

A frase “O sagrado é inalienável” é um convite permanente à pureza de fé.

O sagrado é inalienável porque é a própria essência de Deus: Amor, Justiça e Bondade. Não se vende, não se compra, não se aprisiona em templos de pedra nem em dogmas obsoletos. A verdadeira religião está no coração e se manifesta na prática da caridade e na moral de Jesus.

A Doutrina Espírita, com sua tríplice estrutura (Ciência, Filosofia e Religião), convida o ser humano a despir-se do medo e da exploração, a abraçar a razão e a compreender o Sagrado como a Lei Divina que rege o Universo, em perfeita harmonia com o livre arbítrio e a justiça de causa e efeito.

Neste sentido, a compreensão da inalienabilidade do sagrado nos impulsiona à missão sagrada de propagar a Verdade e o Amor de Deus. Essa propagação não se faz pela imposição dogmática ou pela ameaça, mas pela exemplificação da caridade, pela elucidação das consciências e pela vivência do Evangelho em sua mais pura expressão. É a tarefa de desmistificar a figura de um Deus vingativo para revelar o Pai que a todos acolhe e a todos ama incondicionalmente.

A Verdade é livre, o Amor é gratuito e, por isso, o Sagrado é e será sempre Inalienável.

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