“No coração do Brasil colonial, entre a mata e o mistério, ecoavam os Calundus – cultos africanos de cura e adivinhação.
Mulheres como Luzia Pinta, uma força vinda de Angola, lideravam essas cerimônias ancestrais, tecendo a tapeçaria da fé e da resistência.
Suas práticas não só sobreviveram à repressão, como plantaram as sementes do que hoje conhecemos como Candomblé.
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Luzia Pinta e os Calundus são um portal para o passado que moldou o presente.
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A relação entre Calundus, Luzia Pinta e o Candomblé é de natureza histórica e evolutiva, marcada pela presença de práticas mágico-religiosas de origem africana no Brasil colonial.
- Calundus:
- Eram cultos africanos (predominantemente de matriz banto, da região de Angola/África Central) que se manifestaram no Brasil desde o século XVII.
- Frequentemente envolviam adivinhação, cura, danças rituais, e a possessão por espíritos ancestrais ou entidades (chamados, na África Central, de xinguilas), com o som de instrumentos como o canzá e o atabaque.
- O termo “calundu” era usado para caracterizar tanto as práticas quanto as próprias cerimônias e danças.
- Os rituais de Calundu, em alguns casos, incorporavam elementos católicos, num sincretismo para se adaptar à repressão colonial.
- Luzia Pinta:
- Foi uma figura notável e famosa de calunduzeira no Brasil colonial, atuando na região de Sabará, Minas Gerais, no século XVIII (por volta de 1739).
- Era uma mulher africana de Angola que liderava rituais de calundu, fazendo adivinhações e curas. Seu caso é um dos mais bem documentados pelos processos da Inquisição.
- O historiador Luiz Mott, ao estudar o caso de Luzia Pinta, concluiu que seus ritos eram derivados de práticas mágico-religiosas existentes na região de Angola, como o ritual xinguila, e alertou que o calundu de Luzia Pinta era tipicamente enraizado na nação Angola.
- Relação com o Candomblé:
- Os Calundus são considerados precursores ou manifestações mais antigas da religiosidade africana no Brasil, que eventualmente dariam origem a formas mais estruturadas e organizadas de culto, como o Candomblé.
- O caso de Luzia Pinta é crucial para entender como os rituais bantos se organizavam antes da maior influência e estruturação do complexo religioso dos Orixás, que viria a predominar em algumas vertentes do Candomblé (especialmente a de nação Queto, ou Iorubá, com o surgimento de templos mais formais no final do século XVIII/início do XIX na Bahia).
- Alguns estudiosos indicam que, enquanto o Candomblé moderno (principalmente a partir do século XIX) se estruturou de forma mais complexa e institucionalizada, os calundus representam as práticas religiosas africanas que funcionavam de maneira mais “doméstica” ou em congregações menos formais, desde o século XVII.
- Portanto, o calundu, exemplificado pela prática de Luzia Pinta, é visto como um elo na transição e evolução das religiões de matriz africana no Brasil, do culto mais difuso e adaptado do período colonial para a formação posterior das grandes religiões afro-brasileiras como o Candomblé e a Umbanda.