A Doutrina Espírita eleva o conceito de apostolado à coerência entre o conhecimento e a ação.
O trabalho do apóstolo, ou missionário do bem, resume-se na propagação do Bem e da Verdade.
Detalhamento dos Pilares do Apostolado Espírita
I. O Conceito de BEM
No Espiritismo, o Bem não é apenas uma ausência do mal; é uma ação ativa e intencional que visa o progresso, o equilíbrio e a felicidade do próximo e de si mesmo, em conformidade com a Lei Divina.
A. Fundamento e Definição
- Conformidade com a Lei de Deus:
- Segundo O Livro dos Espíritos (Q. 630), “O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus, e o mal, tudo o que dela se afasta.” A Lei Divina é a lei de Amor, Justiça e Caridade.
- O Bem como Caridade (Moral de Jesus):
- O Bem se materializa na Caridade, entendida na sua tríplice acepção: Benevolência para com todos, Indulgência para com as imperfeições alheias e Perdão das ofensas (O Evangelho Segundo o Espiritismo).
- A máxima de Jesus, “Fazer aos outros o que quereríeis que eles vos fizessem” (Regra Áurea), é a bússola para distinguir o Bem do mal.
B. Manifestações Práticas do Bem
| Aspecto | Detalhamento |
| Ação Material (Caridade Ativa) | Auxílio aos necessitados, socorro aos doentes, apoio às obras sociais (como as realizadas por Bezerra de Menezes e Divaldo Franco). É a Caridade externa, o serviço. |
| Ação Moral (Caridade Passiva) | Não julgar, não murmurar, ter paciência, ser indulgente com as faltas alheias. É a transformação íntima do Espírito que se esforça para reprimir o egoísmo e o orgulho. |
| Ação Intelectual | Uso do conhecimento e da inteligência para esclarecer, consolar e orientar o próximo, nunca para humilhar ou demonstrar superioridade. |
| Ação Voluntária | O mérito do Bem reside no sacrifício e no esforço (Q. 646). Fazer o bem quando é fácil não tem o mesmo valor que fazê-lo quando exige renúncia ou o enfrentamento do próprio egoísmo. |
II. O Conceito de VERDADE
A Verdade, no contexto espírita, transcende a mera exatidão factual. É a revelação progressiva das Leis Naturais e Espirituais que libertam o ser humano da ignorância, do medo e da superstição.
A. Fundamento e Definição
- Verdade Libertadora:
- A máxima do Cristo, “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, é central. A Verdade que liberta é o conhecimento das leis da vida: imortalidade da alma, pluralidade das existências, comunicabilidade dos Espíritos e pluralidade dos mundos habitados.
- Verdade Racionada (Fé Inabalável):
- Kardec define a Fé Inabalável como aquela que “pode encarar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade” (O Evangelho Segundo o Espiritismo). A Verdade espírita é, portanto, aquela que resiste ao exame da razão e da lógica.
- Verdade Progressiva:
- A Verdade não é estática. É dada aos homens à medida que estes têm a capacidade moral e intelectual de a receber. O Espiritismo é a Terceira Revelação, que vem completar e explicar a verdade contida no Evangelho de Jesus.
B. Manifestações Práticas da Verdade
| Aspecto | Detalhamento |
| Conhecimento das Leis | Compreender a Lei de Causa e Efeito (Ação e Reação), que explica o sofrimento como processo educativo, e a Reencarnação como Justiça Divina e oportunidade de progresso. |
| Esclarecimento Doutrinário | Estudo e divulgação da Codificação Espírita com seriedade e profundidade, combatendo a superstição e o fanatismo. |
| Coerência | Viver em harmonia com as verdades espirituais que se conhece. O apóstolo não prega uma verdade na qual não confia ou que não tenta aplicar em sua própria vida. |
| Discernimento | Saber separar o joio do trigo nas comunicações espirituais e nos fatos da vida, avaliando tudo pelo crivo da razão e da caridade. |
O Chamado de um Apóstolo Moderno: Propagando o Bem e a Verdade
A figura do Apóstolo, no contexto do Espiritismo, transcende a história bíblica. É uma designação de honra para todo aquele que se dedica à grande Missão de Jesus: propagar o Bem e a Verdade.
Mas o que são, afinal, esses dois pilares que definem a ação do verdadeiro espírita?
A Verdade que Ilumina: Conhecimento e Razão
Para o Espiritismo, a Verdade é a luz que liberta. Não se trata de dogmas cegos, mas sim da revelação contínua das Leis Divinas, trazida à luz pela Codificação de Allan Kardec.
A Verdade nos dá as respostas que a razão exigia: a imortalidade é um fato, a reencarnação é a justiça em ação, e a comunicação com os Espíritos é um intercâmbio natural. O apóstolo da Verdade é, antes de tudo, um estudioso: aquele que não aceita nada sem antes submetê-lo ao crivo da razão e da lógica, transformando a fé em fé raciocinada.
O Bem que Transforma: Ação e Caridade
O conhecimento por si só, porém, é estéril. A Verdade deve ser transformada em Bem, que é a ação em conformidade com a Lei de Deus.
O Bem é o nosso termômetro moral. Ele se manifesta no esforço diário para eliminar o egoísmo e o orgulho, e na prática incondicional da Caridade, conforme ensinou Jesus. Fazer o Bem é:
- Fazer ao outro o que gostaríamos que nos fosse feito (Regra Áurea).
- Ser Indulgente com as fraquezas alheias, lembrando que somos todos imperfeitos.
- Perdoar as ofensas, pois o rancor aprisiona apenas quem o sente.
A Inseparabilidade dos Pilares
A missão do apóstolo espírita só se completa na união indissolúvel do Bem com a Verdade.
O conhecimento da Verdade (a imortalidade, a reencarnação) nos dá a razão para o Bem: se compreendemos que o sofrimento é educativo e que colheremos o que plantarmos (Causa e Efeito), o motivo para amar e servir se torna evidente.
A Verdade ilumina o caminho, e o Bem nos permite percorrê-lo. É por isso que os grandes apóstolos, de Kardec a Chico Xavier, foram reconhecidos não apenas pelo que sabiam (Verdade), mas, principalmente, pelo que viviam (Bem).
Se desejamos ser verdadeiros “enviados”, nossa tarefa é simples: Instruir-nos sempre para saber mais (Verdade), e Amar sempre para servir melhor (Bem).
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