Você já parou para pensar na profundidade da sua missão aqui na Terra?
Há mais de dois mil anos, Jesus nos deu uma das tarefas mais sublimes e transformadoras: ser o “Sal da Terra e a Luz do Mundo”. Mas o que significa, na prática, viver essa máxima na correria do dia a dia, especialmente à luz dos ensinamentos da Doutrina Espírita?
Este artigo mergulha na célebre passagem de Mateus 5:13-16 para desvendar o significado prático de ser um agente de transformação moral e espiritual. Vamos além da metáfora e exploramos como os pilares da Verdade (a Sabedoria) e do Amor (a Caridade), conforme ensinados por Jesus e esclarecidos pelo Espiritismo, são as duas asas que nos capacitam a iluminar mentes e aquecer corações, mesmo daqueles que ainda não creem.
Você irá compreender os conceitos de Verdade e Amor, pilares centrais do Evangelho de Jesus sob a ótica da Doutrina Espírita, a fim de enriquecer a compreensão da missão “Sal da Terra e Luz do Mundo”.
Prepare-se para entender que sua melhor pregação é a sua própria vida.
Assista o vídeo de Eduarda Kaestner (@dudakaestner) em que fala da passagem bíblica Mateus 5: 13-16:
Vídeo. Disponível em https://www.instagram.com/reel/DOJ1Q1VAiAt/?igsh=ZHM3bWwxendndHA4
Vós Sois o Sal da Terra e a Luz do Mundo (Mateus 5:13-16) à Luz do Espiritismo
O Evangelho de Jesus, interpretado pela Doutrina Espírita, oferece uma profundidade única à compreensão da nossa missão no mundo. A célebre passagem de Mateus (5:13-16), parte do Sermão da Montanha, não é apenas uma bela metáfora, mas um chamado direto e prático à transformação e à atuação positiva no planeta.
1. A Profundidade da Metáfora: Sal da Terra e Luz do Mundo
Jesus inicia sua exortação com uma poderosa declaração de identidade e propósito para Seus seguidores: “Vós sois o sal da terra” e “Vós sois a luz do mundo”.
1.1. O Significado de “Sal da Terra”
Na antiguidade, o sal possuía três funções essenciais:
- Preservação: Impedia a deterioração e a corrupção dos alimentos.
- Sabor: Realçava e melhorava o paladar, tornando a comida agradável.
- Cura/Purificação: Era usado em processos de purificação.
Segundo o Espiritismo, ser o “Sal da Terra” é ser o agente de preservação moral. O verdadeiro cristão, em sua conduta e moralidade, deve ser um elemento que previne a corrupção e a decadência social e espiritual. Suas ações e sua presença devem adicionar sabor, ou seja, alegria, esperança, consolo e significado à vida das pessoas, combatendo a insipidez da descrença e do materialismo.
A advertência de Jesus — “E se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” — é um alerta crucial: a essência do discípulo não está em títulos ou rituais, mas na vivência dos ensinamentos. Se a fé e a moral se tornam “insípidas” (sem ação, sem caridade, sem utilidade prática), perdem o seu propósito e valor.
1.2. O Significado de “Luz do Mundo”
A luz tem a função de dissipar as trevas, de guiar e de tornar as coisas visíveis.
Ser a “Luz do Mundo” é iluminar as mentes com a Verdade e os corações com o Amor. O Espiritismo, como Consolador Prometido, que veio esclarecer e completar o Evangelho, ajuda a acender essa luz ao:
- Dissipar a Ignorância: Trazendo a Doutrina dos Espíritos, que explica as leis divinas e a imortalidade da alma (Reencarnação, Pluralidade dos Mundos Habitados, Lei de Causa e Efeito), tirando o homem da escuridão da descrença e do medo da morte.
- Guiar pelo Exemplo: Uma cidade edificada sobre um monte não pode ser escondida. A vida do cristão espírita deve ser um farol visível de retidão, honestidade, indulgência e caridade, servindo de modelo e guia.
2. Verdade e Amor: As Duas Asas do Espírito na Doutrina Espírita
A missão de ser “Sal e Luz” encontra seu fundamento nos dois pilares mais elevados da vida espiritual, conforme ensina a Doutrina Espírita: a Verdade (a Sabedoria) e o Amor (a Caridade).
2.1. A Verdade: Luz da Razão
O Evangelho à Luz do Espiritismo apresenta a Verdade não como um dogma cego, mas como o conhecimento das Leis de Deus.
- Jesus afirmou: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” (João 8:32). A Verdade libertadora, no contexto espírita, é a revelação progressiva dos mistérios da vida e do destino.
- A Doutrina Espírita é a Terceira Revelação (depois de Moisés e Jesus), que veio com o Espírito da Verdade para explicar o que outrora só podia ser ensinado por alegorias. Ela provê a fé raciocinada — aquela que pode encarar a razão face a face — tirando a crença do campo da superstição e do fanatismo e colocando-a no da certeza e da lógica.
- A Verdade é a luz que o cristão-espírita deve buscar para o seu próprio aperfeiçoamento e para iluminar o mundo.
2.2. O Amor: Essência da Lei Divina
Se a Verdade é a Luz, o Amor é a própria Vida, a lei máxima que liga todos os seres.
- No dizer de Kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XI), o Amor “resume a doutrina de Jesus inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito.”
- O Amor, na sua expressão mais pura (o amor Ágape de Jesus), é a Lei de Caridade: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” A Doutrina nos ensina a exercitar este Amor através da:
- Benevolência para com todos.
- Indulgência para com as imperfeições alheias.
- Perdão das ofensas.
- O Amor é o sal que preserva o nosso mundo interior e dá sabor à existência de todos.
Verdade e Amor caminham juntos. A Verdade sem Amor pode tornar-se fria e dogmática (sal insípido). O Amor sem a Verdade pode ser cego e sem direção (luz sob a candeia). Juntos, eles formam as duas asas para a ascensão do Espírito.
3. A Missão de Irradiar a Luz: “Assim Resplandeça a Vossa Luz”
O versículo 16, “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”, revela o método e o objetivo de nossa missão.
3.1. O Método: As Boas Obras
A Doutrina Espírita enfatiza que a fé sem obras é letra morta. A luz que deve resplandecer não é a da oratória brilhante, mas sim a das “boas obras” — atos de Amor e Caridade. O verdadeiro proselitismo é o do exemplo vivido. As pessoas são atraídas pela paz, pela serenidade e pela bondade (o Amor) que veem em nós, não pela imposição de crenças (a Verdade imposta).
3.2. O Objetivo: Glorificar a Deus
O propósito de brilhar não é para a nossa própria glória ou vaidade. O objetivo maior é que, ao verem o bem que fazemos, as pessoas sejam levadas a refletir sobre a Fonte de toda bondade, a Lei de Amor e a Justiça Divina, e, assim, glorifiquem a Deus.
4. Levando a Verdade a Quem Não Acredita (ou Não Quer Saber)
A questão de como levar o Evangelho-Luz a quem não crê ou não tem interesse é central para a missão do “Sal e da Luz”.
4.1. A Semeadura Pelo Exemplo Silencioso e o Amor
Para o incrédulo ou indiferente, a melhor pregação é a vida:
- Não Imposição, mas Atração: Não devemos empurrar a Verdade (o ensinamento) goela abaixo, mas vivê-la de modo que as pessoas se sintam atraídas pelo nosso estado de espírito e pelos resultados positivos em nossa vida (o Amor em ação).
- Pacificar e Consolar: O Amor incondicional, a ausência de julgamento e a prontidão em auxiliar nas dificuldades (o sal que preserva e dá sabor) podem abrir portas que argumentos teológicos jamais abririam.
4.2. A Paciência da Reencarnação e a Verdade
O Espiritismo, pela Verdade da Reencarnação, nos oferece a visão consoladora de que a aquisição da fé é um processo gradual. Quem hoje nega, pode não estar pronto, mas a semente do Evangelho (o Amor e a Verdade) será plantada em seu coração pelo nosso comportamento, e germinará no tempo oportuno. Não há pressa, pois a Justiça e a Misericórdia Divinas atuam no infinito do tempo.
Conclusão: Ser, Mais Que Falar
Em essência, a mensagem de Jesus é um convite à autorresponsabilidade moral. Ser “Sal da Terra e Luz do Mundo” é uma missão de serviço e de testemunho. O verdadeiro espírita, compreendendo o Evangelho, é aquele que, com sua conduta irrepreensível (fruto da Verdade) e seu amor incondicional (expressão do Amor), transforma o seu meio, preserva os valores morais e ilumina os caminhos, deixando que a sua própria vida seja o reflexo vivo da Verdade e do Amor que um dia o consolou.