História: Das Primeiras Observações da Força Curadora até a Terapêutica Espírita

Sumário

A imagem é uma composição rica e simbólica que ilustra a prática do magnetismo e suas figuras históricas, com um estilo que remete a pinturas clássicas e fotografias antigas.

No centro da composição, em primeiro plano, um magnetizador (passista) barbudo e de cabelo escuro, vestido com um elegante terno preto e colete branco, está aplicando passes magnéticos em uma paciente. Suas mãos estão levemente elevadas sobre a cabeça e o tronco da mulher, e linhas azul-douradas, que representam o fluido magnético, emanam de suas mãos e fluem em direção à paciente, sugerindo a transferência de energia.

A paciente, uma jovem mulher, está recostada em uma chaise longue clássica de cor avermelhada, com os olhos fechados e uma expressão serena, sugerindo um estado de relaxamento profundo ou sono magnético. Ela veste um vestido branco ou claro, de estilo que evoca o século XIX.

Ao fundo, a cena se desdobra em detalhes que contextualizam a prática:

  • No canto superior esquerdo, um retrato de Franz Anton Mesmer é incorporado de forma etérea, como se fosse uma memória ou influência histórica. Ele veste roupas de época, com uma peruca branca e um casaco alaranjado, olhando para o lado com uma expressão contemplativa.
  • No canto superior direito, a imagem de Hector Durville aparece de maneira similar, como uma figura que observa a cena, vestindo um terno escuro e ostentando uma barba cheia.
  • No centro superior, mais ao fundo, uma cena em tons mais suaves e esmaecidos (quase como uma pintura antiga dentro da pintura) representa o famoso “baquet” (cuba magnética) de Mesmer. Várias pessoas, algumas sentadas e outras em pé ao redor de um grande barril de madeira, estão interagindo com ele, buscando os benefícios do magnetismo, em um cenário que lembra um salão do século XVIII ou XIX.
  • No lado direito da imagem central, sobre uma mesa ou console, vê-se um livro aberto, que pode simbolizar a literatura e os tratados sobre magnetismo, como a obra de Durville.

A paleta de cores é dominada por tons terrosos, marrons, dourados e ocres, com alguns toques de vermelho e azul nos fluidos, conferindo à imagem uma atmosfera clássica, histórica e misteriosa, apropriada para o tema do magnetismo e espiritismo. A iluminação é suave e difusa, criando um efeito de sonho e introspecção.

 

🌟 Hector Durville e a Saga Histórica do Fluido Vital: Do Mesmerismo ao Passe Espírita Misto

 

O Magnetismo Animal, ciência do fluido vital e da energia curadora, possui raízes milenares, mas ganhou corpo e método com o trabalho de seus grandes apóstolos. A jornada histórica dessa ciência nos leva de antigos rituais de cura à sistematização experimental de Hector Durville, culminando na abordagem moral e fluídica do Espiritismo.

 

📜 1. A Longa História do Fluido Vital e o Magnetismo

 

Antes que o termo “magnetismo” fosse adotado para a cura humana, a ideia de uma força universal ou vital permeava o conhecimento de antigas civilizações e filósofos medievais.

 

🌎 1.1. As Origens da Força Curadora

 

  • Antiguidade: Práticas de imposição das mãos para a cura (como o toque real), o uso de ímãs para atrair doenças, e a crença em uma força cósmica (o pneuma, o prana) demonstram a intuição do poder fluídico. Jesus, em seus atos de cura, utilizava a imposição das mãos (o passe original) e irradiava um poder fluídico ímpar.
  • Idade Média: Pensadores como Petrus Peregrinus (século XIII) investigavam o magnetismo da pedra (o ímã), enquanto autores árabes correlacionavam a ação magnética com influências astrológicas. No entanto, o foco ainda estava no ímã mineral.
  • Paracelso e o Magnes Hominis: No século XVI, Paracelso introduziu a ideia do Magnes Hominis (o ímã do homem), defendendo que o corpo humano possui uma força magnética capaz de atrair ou repelir doenças.

 

🧑‍⚕️ 1.2. Franz Anton Mesmer e o Magnetismo Animal

 

O marco do Magnetismo Animal é a figura do médico austríaco Franz Anton Mesmer (1734-1815).

  • A Doutrina: Mesmer postulou a existência de um Fluido Magnético Animal, um fluido físico sutil, universal, que preenche o cosmos e serve de elo entre o homem, a Terra e os corpos celestes. A doença seria causada pela distribuição desigual desse fluido no corpo.
  • O Tratamento: A cura consistia em restaurar o equilíbrio fluídico através do toque, do olhar e, notadamente, pela cuba magnética (baquet), um recipiente com limalhas de ferro e vidro, onde os pacientes eram conectados para receber a saturação do fluido.
  • A Controvérsia: Apesar dos sucessos iniciais, Mesmer foi alvo de comissões científicas na França (1784). Embora as comissões tenham atestado os fenômenos observados, concluíram que estes se deviam à “imaginação” (sugestão) e não a um fluido físico.

 

😴 1.3. O Sono Magnético e a Vontade (Puységur)

 

Um discípulo de Mesmer, o Marquês de Chastenet de Puységur (1751-1825), revolucionou a técnica ao descobrir o somnambulismo artificial ou magnético.

  • A Descoberta: Ao magnetizar um jovem pastor (Victor), Puységur notou que, em vez das “crises” e convulsões típicas do Mesmerismo (que Mesmer usava para chocar o fluido), o paciente entrava em um sono tranquilo, mas com notável lucidez e capacidade de diagnóstico (clarividência).
  • O Foco na Vontade: A partir de Puységur, a ênfase mudou da saturação de um fluido físico para a ação psíquica da vontade do magnetizador, que age sobre o fluido para induzir o estado terapêutico.

 

🔬 2. Hector Durville: O Apóstolo do Magnetismo Experimental

 

O século XIX viu a tentativa de sistematizar cientificamente o Magnetismo, sendo Hector Durville (1849–1923) um dos líderes desse movimento.

 

📚 2.1. O Tratado Experimental do Magnetismo

 

Durville, seguindo a linha experimental, buscou provar a existência do fluido magnético e suas propriedades de forma metódica.

  • Experimentalismo Fluídico: Ele se dedicou a observar e catalogar os fenômenos do magnetismo, desde a indução de sono até o desdobramento e a exteriorização da sensibilidade.
  • Sistematização de Técnicas: Sua obra é um manual prático que detalha os passes (longitudinais, transversais), imposições e sopros com um rigor técnico, associando cada técnica a um resultado fluídico específico no paciente.
  • Legado de Conhecimento: Durville assegurou a sobrevivência do Magnetismo como ciência, mantendo a distinção entre a hipnose (sugestão psicológica) e o Magnetismo (transmissão de fluido vital pela vontade), abrindo caminho para que o Espiritismo o integrasse de forma lógica e coerente.

 

🤝 3. A Confluência: Magnetismo e Espiritismo

 

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec (1804-1869), não negou o Magnetismo, mas o absorveu e o elevou, explicando-o pela ação do Fluido Cósmico Universal e pela intervenção dos Espíritos.

 

🌌 3.1. Kardec e a Explicação Fluídica

 

Kardec demonstrou que o fluido animal do magnetizador e o fluido espiritual dos Espíritos são apenas modificações do Fluido Cósmico Universal. Isso permitiu a explicação dos fenômenos de cura através de três fontes distintas de energia:

  1. Fluido Vital (Animal): Do corpo do encarnado (passista/magnetizador).
  2. Fluido Espiritual: Dos Espíritos desencarnados (puros e salutares).
  3. Fluido Misto: A combinação de ambos.

 

✨ 3.2. O Passe Misto: A Síntese da Caridade

 

Na prática espírita contemporânea, o Passe Misto tornou-se a modalidade mais comum, sintetizando a ciência do Magnetismo e a ação da Mediunidade, em um ato de caridade.

  • Mecanismo: O passista (médium) doa seu fluido vital (energia anímica e magnética), enquanto Espíritos benfeitores manipulam e adensam fluidos espirituais mais puros, fundindo-os no paciente.
  • Vantagem: O passe misto é a forma mais equilibrada, pois atua tanto no nível físico (vitalidade do passista) quanto no perispiritual e psíquico (pureza dos fluidos espirituais), sendo uma transfusão de energias completa.

 

⚕️ 4. Tratamentos Espirituais e Tipos de Passes

 

O tratamento espiritual à luz do Espiritismo é um processo integral de cura do Espírito, onde a aplicação fluídica (o passe) é um dos recursos, complementado pela prece e pela reforma moral.

 

💨 4.1. Diferenciação dos Tipos de Passes

 

Tipo de Passe Fonte Principal do Fluido Natureza da Ação Ideal para:
Magnético Próprio Passista (Encarnado) Anímica e Volitiva Problemas físicos e orgânicos (reenergização vital).
Mediúnico (Espiritual) Espíritos Desencarnados Mediúnica Problemas psíquicos e espirituais (purificação e calma).
Misto (Espírita) Passista + Espíritos (Fusão) Anímica e Mediúnica Reequilíbrio geral, atuando no físico e no perispírito.

 

🧘 4.2. Outras Espécies de Tratamentos Espirituais

 

Os tratamentos do Espiritismo visam a causa do desequilíbrio (que é sempre moral e espiritual), e não apenas o sintoma:

  • Fluidificação da Água: A água (grande condutora de fluidos) é magnetizada e ingerida, levando os fluidos salutares diretamente ao organismo.
  • Irradiação e Prece: O poder da mente em conjunto com a prece fervorosa permite a ação fluídica a distância, superando as barreiras físicas.
  • Desobsessão: O trabalho mediúnico de esclarecimento aos Espíritos perturbadores é fundamental para remover as causas espirituais de sofrimentos profundos.
  • Tratamento de Choque Anímico/Magnético: Aplicação concentrada de fluidos (por vezes através do sopro ou passes rápidos), buscando despertar centros de força adormecidos ou remover fluidos densos, técnica herdada diretamente do Magnetismo.

 

🎯 Conclusão: A Síntese da Caridade e da Ciência

 

A história do Magnetismo, desde o “fluido físico” de Mesmer até a codificação espírita, é a história de uma ciência que se espiritualizou. A obra de Hector Durville, com seu rigor experimental, solidificou a base técnica. O Espiritismo, ao integrar o Magnetismo à lei da Mediunidade e da Caridade, nos legou o Passe Misto, um instrumento de amor e reequilíbrio onde o poder da vontade humana se une à bondade dos Espíritos Superiores.

 

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