Decifrando o Mercado: Classificação dos Derivativos e Seus Ativos Subjacentes

Sumário

Você se lembra de James Wynn, o trader que operava com 40x de alavancagem em Bitcoin? Ele fazia isso usando derivativos.

Mas o que são esses contratos e como eles se classificam?

Se você já entendeu que um derivativo é um instrumento cujo valor deriva de outro ativo (o subjacente), o próximo passo é dominar a classificação. Entender isso é a chave para a gestão de risco (para investidores) e para a alavancagem (para especuladores).

Abaixo um guia didático sobre a classificação dos derivativos e os ativos que lhes dão vida.

 

I. Os Tipos Principais de Derivativos

 

Os derivativos são divididos em quatro categorias principais, que definem o nível de obrigação e a flexibilidade do contrato:

 

1. Futuros (Futures)

 

Os contratos futuros são os derivados mais padronizados e negociados em bolsas regulamentadas (como a B3 no Brasil ou a CME nos EUA).

  • Obrigação: O comprador e o vendedor têm a obrigação de cumprir o acordo na data de vencimento.
  • Mecanismo: Acordo de compra ou venda de um ativo subjacente em uma data futura a um preço predeterminado hoje.
  • Aplicações: Usados para hedging (proteção contra variação de preço) e especulação alavancada.
    • Exemplo: Um produtor de soja vende contratos futuros hoje para travar seu preço de venda na próxima safra.

 

2. Contratos a Termo (Forwards)

 

São a versão não padronizada dos futuros.

  • Obrigação: Têm a mesma obrigação de compra/venda futura.
  • Mecanismo: Negociados diretamente entre duas partes (mercado Over-The-Counter – OTC), o que permite personalizar o ativo, o volume e a data de entrega.
  • Aplicações: Comuns no mercado de câmbio (moedas) e em grandes transações corporativas.

 

3. Opções (Options)

 

As opções são os derivativos mais flexíveis e não geram obrigação de negociação.

  • Obrigação: Conferem ao comprador o direito, mas não a obrigação, de comprar (opção Call) ou vender (opção Put) o ativo subjacente em um preço e data futuros.
  • Preço do Direito: Para ter esse direito, o comprador paga um valor não reembolsável chamado prêmio ao vendedor.
  • Aplicações: Ideais para especulação com risco limitado (o máximo que se perde é o prêmio) e para estratégias complexas de proteção de carteira.

 

4. Swaps

 

São contratos para troca de fluxos de caixa futuros.

  • Obrigação: Acordo de troca de ativos ou passivos entre duas partes por um período determinado.
  • Mecanismo: O tipo mais comum é o Swap de Taxa de Juros, onde duas empresas trocam o pagamento de uma taxa fixa por uma taxa variável, ou vice-versa, para gerenciar o risco de taxa de juros.
  • Aplicações: Usados principalmente por grandes instituições financeiras e empresas para gestão de passivos e hedging de riscos macroeconômicos.

 

II. Classificação Pelo Ativo Subjacente

 

A grande versatilidade dos derivativos reside na variedade de ativos que eles podem referenciar. O ativo subjacente define o tipo de risco que está sendo negociado.

Categoria Ativo Subjacente Risco Negociado Exemplo de Derivativo
Commodities Bens tangíveis (milho, soja, café, petróleo, ouro, gado). Risco de preço de bens de consumo e produção. Contrato Futuro de Ouro, Opção de Petróleo.
Moedas / Câmbio Taxas de câmbio entre duas moedas (ex: Real vs. Dólar). Risco de flutuação cambial (útil para importadores/exportadores). Contrato Futuro de Dólar (o famoso ‘DOL’).
Ações / Renda Variável Ações individuais (Petrobras, Apple), Índices de mercado (Ibovespa, S&P 500). Risco de mercado (volatilidade e desempenho de empresas). Opção de Compra de Ações da Petrobras, Futuro do Índice Bovespa (o ‘IND’).
Taxa de Juros Taxas de juros de referência (Selic, DI, LIBOR/SOFR). Risco de alteração na política monetária (aumento ou queda de juros). Contrato Futuro de DI (taxa de juros interbancária).
Criptoativos Criptomoedas (Bitcoin, Ethereum) ou seus índices. Risco de volatilidade de ativos digitais. Contrato Futuro Perpétuo de Bitcoin (usado por James Wynn).

 

O Caso Específico dos Criptoativos

 

No mercado de criptomoedas, o derivativo mais popular é o Contrato Futuro Perpétuo.

  • O que é: É um Contrato Futuro que nunca vence (não tem data de entrega).
  • Função: Permite que o especulador mantenha uma posição alavancada (como o 40x de James Wynn) indefinidamente, desde que mantenha a margem necessária.
  • Mecanismo de Ajuste: O preço do Perpétuo é mantido próximo ao preço à vista do Bitcoin através de uma taxa chamada Funding Rate, paga entre longs (comprados) e shorts (vendidos) em intervalos regulares.

Dominar a classificação dos derivativos e seus subjacentes é o que separa o investidor estratégico do apostador. Seja para se proteger das oscilações de preço ou para especular com alavancagem, entender as regras do contrato é o primeiro passo para o sucesso no mercado.

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