O Juízo Final à Luz do Evangelho Segundo o Espiritismo

O capítulo 15 do Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “Fora da Caridade Não Há Salvação”, não descreve o Juízo Final como um evento único e universal de condenação ou salvação eterna, como em algumas outras doutrinas religiosas. Em vez disso, o Espiritismo apresenta uma visão mais abrangente e contínua do “juízo”.

Para o Espiritismo, o “juízo final” se manifesta de diversas formas:

  • Consequências Naturais: As Leis Divinas atuam constantemente, e cada ação gera uma reação. As dificuldades e sofrimentos que enfrentamos são, muitas vezes, resultados de nossas próprias imperfeições e do mau uso do nosso livre-arbítrio em vidas passadas e na presente. Essa é uma forma contínua de “juízo”, onde colhemos o que semeamos.
  • Julgamento da Consciência: No momento do desencarne e durante a erraticidade (período entre as encarnações), o Espírito tem plena consciência de suas ações, do bem e do mal que praticou. Essa autoavaliação é um “juízo” íntimo e profundo, onde o próprio Espírito reconhece seus méritos e suas falhas, e isso influencia seu futuro.
  • Renovações Periódicas: Em vez de um único evento cataclísmico, o Espiritismo ensina que ocorrem renovações periódicas nos mundos, impulsionadas pelo progresso moral e espiritual da humanidade. Esses momentos de transição podem envolver a partida de Espíritos mais endurecidos e a chegada de Espíritos mais evoluídos, caracterizando um “juízo” em escala planetária, como mencionado em obras complementares como “A Gênese”.
  • A Parábola do Bom Samaritano: O capítulo 15 utiliza a parábola do Bom Samaritano para ilustrar que o essencial para a “salvação” (entendida como progresso espiritual) é a prática da caridade em sua mais ampla acepção: benevolência, compaixão, auxílio ao próximo sem distinção. O “juízo” aqui se baseia na qualidade dos nossos sentimentos e na extensão do nosso amor ao próximo.

Em resumo, o Espiritismo, no capítulo 15 do Evangelho, não apresenta um Juízo Final como um tribunal divino único com sentenças eternas. Em vez disso, enfatiza a constante atuação das leis divinas, o julgamento da própria consciência, as renovações evolutivas dos mundos e, principalmente, a prática da caridade como o critério fundamental para o progresso espiritual e a felicidade futura.

A “salvação” é vista como uma conquista individual e contínua, baseada no amor e na prática do bem.

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