Ja pensou que um fazendeiro pode gerar sua própria energia elétrica em sua propriedade e utilizá-la para seu consumo, reduzindo ou até eliminando a necessidade de comprar da concessionária de energia?
Essa prática é conhecida como autogeração ou geração distribuída, e tem sido impulsionada por políticas e regulamentações favoráveis no Brasil.
Como funciona a geração de energia para uso próprio
A principal forma de autogeração para propriedades rurais é a geração distribuída, que utiliza fontes renováveis como a energia solar fotovoltaica, a eólica ou a de biomassa. O processo geralmente se dá de duas formas:
- Sistemas isolados (off-grid): A energia gerada é armazenada em baterias e utilizada exclusivamente na propriedade, sem conexão com a rede elétrica da distribuidora. Esse modelo é ideal para locais remotos, sem acesso à rede, mas exige um investimento maior em baterias e não permite a venda do excedente.
- Sistemas conectados à rede (on-grid): É o modelo mais comum. A usina geradora na propriedade é conectada à rede elétrica da concessionária. Quando a usina produz mais energia do que o necessário, o excedente é injetado na rede e gera “créditos de energia”. Quando a propriedade precisa de mais energia do que o que está sendo produzido (por exemplo, à noite ou em dias nublados), ela consome da rede, e esses créditos são utilizados para abater o consumo. A Lei nº 14.300/2022 é o marco legal que regulamenta essa modalidade no Brasil, oferecendo segurança jurídica para os consumidores que geram a própria energia.
Regulamentação e barreiras
Para implementar um projeto de autogeração, o fazendeiro precisa seguir as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O processo inclui:
- Projeto e homologação: O fazendeiro deve contratar uma empresa especializada para elaborar o projeto da usina. Esse projeto deve ser submetido à concessionária de energia local para análise e aprovação.
- Instalação e vistoria: Após a aprovação, a usina é instalada. A concessionária faz uma vistoria técnica para verificar se a instalação está em conformidade com as normas.
- Troca de medidor: Se o sistema for conectado à rede, a concessionária substitui o medidor de energia por um modelo bidirecional, que mede tanto a energia consumida quanto a energia injetada na rede.
As principais barreiras para a implantação desse tipo de projeto incluem:
- Burocracia: O processo de aprovação junto à concessionária pode ser demorado e burocrático, exigindo o acompanhamento de profissionais especializados.
- Limites de potência: A potência da usina precisa ser dimensionada para atender à demanda da propriedade, e há limites para o enquadramento na microgeração (até 75 kW) e minigeração (de 75 kW até 5 MW), que definem as regras e tarifas aplicadas.
- Custo inicial: O custo de implantação de uma usina, especialmente uma usina solar, pode ser alto, embora os preços dos equipamentos tenham diminuído bastante nos últimos anos. Esse custo é considerado um investimento, pois o retorno financeiro vem da economia na conta de luz.
Custos de implantação
Os custos para a implantação de uma usina de energia em uma propriedade rural podem variar significativamente, dependendo de fatores como:
- Tamanho e demanda da propriedade: Quanto maior a necessidade de energia, maior será o número de equipamentos (painéis solares, por exemplo) e, consequentemente, o custo.
- Tipo de tecnologia: A energia solar fotovoltaica, por exemplo, tem um custo por quilowatt (kW) instalado que pode variar, mas geralmente o investimento é recuperado em poucos anos.
- Infraestrutura necessária: Se a propriedade estiver em uma área remota e a infraestrutura de rede for precária, o custo para a conexão pode ser maior.
Muitos produtores rurais têm acesso a linhas de crédito e programas de financiamento específicos para a instalação de energias renováveis. O retorno sobre o investimento é considerável, já que a economia na conta de luz é contínua e a vida útil dos equipamentos é longa.
Em resumo, a autogeração de energia em propriedades rurais não só é possível, mas também é uma alternativa cada vez mais viável e economicamente atraente, com regulamentação clara e incentivos que facilitam sua adoção.