Sim, é totalmente possível produzir energia elétrica a partir do esterco de gado. Essa é uma prática que se enquadra no conceito de bioenergia e é uma forma inteligente de lidar com os resíduos da pecuária, transformando um problema ambiental em uma fonte de energia renovável.
O processo funciona de maneira semelhante ao que é feito com o bagaço da cana, mas a matéria-prima e o método inicial são diferentes. O esterco é usado para produzir biogás, que é o verdadeiro combustível da usina.
O ciclo de produção de energia elétrica com esterco de gado geralmente segue estas etapas:
1. Biodigestão anaeróbia
O esterco do gado é coletado e levado para um equipamento chamado biodigestor. O biodigestor é um grande tanque fechado, onde o esterco é submetido a um processo de decomposição biológica na ausência de oxigênio. Nesse ambiente controlado, microrganismos (principalmente bactérias) consomem a matéria orgânica e produzem uma mistura de gases, sendo o principal deles o metano (CH₄). Essa mistura é o biogás.
2. Purificação do Biogás
O biogás produzido no biodigestor é coletado. Em alguns casos, ele pode passar por um processo de purificação para remover impurezas e aumentar a concentração de metano, tornando o combustível mais eficiente.
3. Geração de Energia
O biogás purificado é queimado em um motor-gerador, que funciona de forma parecida com um motor de carro, mas projetado para queimar gás. O motor é conectado a um gerador que converte a energia mecânica do seu movimento em energia elétrica.
4. Uso do Resíduo
Uma das grandes vantagens desse processo é que o resíduo líquido que sobra no biodigestor, chamado biofertilizante, pode ser usado na lavoura. Esse biofertilizante é rico em nutrientes e pode substituir fertilizantes químicos, reduzindo custos e impactos ambientais.
Esse sistema não apenas gera eletricidade, mas também contribui para a sustentabilidade da propriedade rural, já que trata os dejetos de forma adequada (reduzindo a poluição e o mau cheiro) e diminui a emissão de gases de efeito estufa. Muitos produtores rurais utilizam essa tecnologia para se tornarem autossuficientes em energia e, em alguns casos, até vendem o excedente para a rede elétrica local.