As três figuras mencionadas – Jean-Baptiste Massillon, João Batista do tempo de Jesus e a Maçonaria – são entidades distintas com suas próprias histórias e significados, e não há uma conexão direta entre o pregador francês e João Batista, ou entre Massillon e a Maçonaria. No entanto, é possível explorar cada um separadamente e entender por que a Maçonaria se relaciona com a figura de João Batista.
Jean-Baptiste Massillon (1663-1742)
Jean-Baptiste Massillon foi um renomado pregador e bispo católico francês do século XVII e XVIII. Ele é considerado um dos maiores oradores sagrados da França, conhecido por seus sermões eloquentes e persuasivos. Massillon pregou para a corte de Luís XIV e Luís XV e seus discursos, como o famoso “Petit Carême”, focavam frequentemente em temas morais e éticos, abordando a condição humana e os desafios da vida cristã, em vez de dogmas estritos.
Sua oratória era admirada por pensadores iluministas como Voltaire e D’Alembert, que apreciavam sua capacidade de tocar o coração e a razão. Massillon dedicou grande parte de sua vida ao ministério pastoral, administrando sua diocese e buscando melhorar as condições de seus fiéis. Não há registros históricos que o conectem diretamente a João Batista além do contexto cristão geral, nem à Maçonaria.
João Batista na época de Jesus
João Batista foi uma figura central no Novo Testamento, reconhecido como o precursor de Jesus Cristo. Ele nasceu milagrosamente de Zacarias e Isabel, que eram idosos e estéreis, e sua chegada foi profetizada. João viveu uma vida ascética no deserto, vestindo-se com peles de camelo e alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre.
Sua missão principal era preparar o caminho para o Messias, pregando o arrependimento dos pecados e batizando as pessoas no rio Jordão como um sinal de purificação. Ele batizou o próprio Jesus e o reconheceu publicamente como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. João Batista foi um profeta corajoso, que não temeu confrontar as autoridades de sua época, o que eventualmente o levou à sua prisão e decapitação por ordem de Herodes Antipas, a pedido de Herodíades e sua filha Salomé.
João Batista e a Maçonaria
A relação entre João Batista e a Maçonaria é de natureza simbólica e histórica. João Batista é, juntamente com São João Evangelista, um dos padroeiros venerados pela Maçonaria, especialmente na tradição anglo-saxônica (Maçonaria Especulativa).
Essa ligação tem suas raízes na Idade Média, quando as guildas de pedreiros (Maçonaria Operativa), que mais tarde evoluíram para a Maçonaria moderna, frequentemente dedicavam suas capelas e festividades a santos. São João Batista se tornou um padroeiro reverenciado por personificar valores que são altamente estimados na Maçonaria, tais como:
- Integridade e Retidão Moral: A vida de João Batista é vista como um exemplo de conduta ética e busca pela verdade, características que os maçons buscam desenvolver em si mesmos.
- Coragem e Firmeza de Propósitos: Ele demonstrou grande coragem ao pregar a verdade e denunciar a injustiça, mesmo diante de perigo, um valor importante para a Ordem Maçônica.
- Purificação e Renovação: Seu batismo na água simboliza a purificação e a renovação espiritual, que na Maçonaria é uma metáfora para o constante trabalho de aperfeiçoamento interior e a remoção das imperfeições.
- Preparação: João Batista preparou o caminho para a chegada de Jesus, e, de forma análoga, os maçons se veem em um processo contínuo de preparação para a “luz” do conhecimento e da sabedoria.
Além disso, a fundação da Grande Loja de Londres em 24 de junho de 1717, no dia de São João Batista, reforça a importância simbólica dessa data para a Maçonaria moderna, fazendo com que 24 de junho seja uma das datas mais significativas no calendário maçônico.