Maçonaria: Tipos, História e Estrutura

A Maçonaria é uma das mais antigas e conhecidas sociedades fraternas do mundo, com uma história rica e complexa. A sua evolução é frequentemente dividida em fases que refletem as mudanças na sua natureza e propósito.


 

Maçonaria Operativa, Especulativa e Moderna: Uma Classificação Evolutiva

 

Essa classificação em Maçonaria Operativa, Especulativa e Moderna é uma forma de entender a evolução histórica da Maçonaria, e não divisões separadas que coexistem da mesma forma no presente. Na verdade, a Maçonaria moderna é o resultado da transição da fase operativa para a especulativa.

 

Maçonaria Operativa

 

A Maçonaria Operativa refere-se às guildas de pedreiros e construtores medievais. O termo “maçom” (do francês maçon) significa pedreiro, e esses grupos eram compostos por artesãos que literalmente construíam catedrais, castelos e outras grandes obras.

  • Característica principal: Foco na prática da construção civil. Os “segredos” eram as técnicas e conhecimentos da arquitetura e alvenaria, transmitidos de mestre para aprendiz para garantir a qualidade das construções e manter a exclusividade do ofício.
  • Período: Idade Média.
  • Propósito: Desenvolver e proteger a arte da construção, garantindo a mobilidade e as regalias dos pedreiros.

 

Maçonaria Especulativa

 

Com o declínio da era das grandes construções e o enfraquecimento das guildas, a Maçonaria começou a mudar. A Maçonaria Especulativa surge quando a Ordem passa a aceitar membros que não eram pedreiros de ofício (os “aceitos” ou “não-operativos”), mas que se interessavam pelos princípios morais, éticos e simbólicos associados à arte da construção.

  • Característica principal: Transição do foco na construção material para a construção moral e intelectual do indivíduo. As ferramentas do pedreiro (esquadro, compasso, nível, prumo) tornaram-se símbolos de virtudes e princípios éticos para “construir o caráter” e “erguer o edifício social ideal”.
  • Período: Principalmente a partir do século XVII.
  • Propósito: Desenvolvimento pessoal, aperfeiçoamento moral, filantropia e busca da verdade e da justiça.

 

Maçonaria Moderna

 

A Maçonaria Moderna é o resultado direto da Maçonaria Especulativa, formalizada com a criação das primeiras Grandes Lojas. Ela mantém os princípios morais e filosóficos da fase especulativa, com uma estrutura organizacional mais padronizada.

  • Característica principal: Organização formal em Grandes Lojas e Lojas subordinadas. Adota ritos e graus que transmitem ensinamentos através de alegorias e símbolos.
  • Período: A partir de 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres.
  • Propósito: Congregar homens (e em alguns ramos, mulheres) que buscam aprimoramento moral, intelectual e espiritual, promovendo a fraternidade, a tolerância e o serviço à humanidade, sem ser uma religião ou partido político.

 

Outras Classificações e Divisões na Maçonaria

 

Dentro da Maçonaria moderna, existem outras classificações e divisões importantes, que se referem principalmente à sua estrutura e rituais:

  • Graus Maçônicos: A Maçonaria é organizada em uma estrutura hierárquica de graus, que representam níveis de conhecimento e responsabilidade.
    • Graus Simbólicos (ou Azuis): São os três primeiros graus, considerados a base da Maçonaria:
      1. Aprendiz Maçom: O grau inicial, focado nos fundamentos e na aprendizagem.
      2. Companheiro Maçom: Aprofundamento nos estudos e rituais.
      3. Mestre Maçom: O grau mais elevado na Maçonaria de Loja, que confere plenos direitos e responsabilidades.
    • Altos Graus (ou Graus Filosóficos/Superiores): Após o grau de Mestre, existem sistemas de graus adicionais (como o Rito Escocês Antigo e Aceito, que tem 33 graus, ou o Rito de York), que aprofundam os ensinamentos simbólicos e filosóficos da Maçonaria. É importante notar que o grau de Mestre é considerado o ápice da Maçonaria de Ofício, e os Altos Graus são complementares, não tornando um maçom “mais maçom” do que um Mestre Maçom.
  • Ritos Maçônicos: São conjuntos de cerimônias, rituais e sistemas de graus que variam em suas liturgias, símbolos e ênfases filosóficas. Embora compartilhem os mesmos princípios fundamentais, diferem em sua forma de expressão. Alguns dos mais conhecidos são:
    • Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA): Um dos mais difundidos, com 33 graus.
    • Rito de York: Comum em países de língua inglesa, com um sistema de graus diferente.
    • Rito Francês (ou Moderno): Mais simplificado, com 7 graus, comum na França e em países de língua francesa.
    • Rito de Emulação: Valoriza a simplicidade e a pureza ritualística, comum na Inglaterra.
  • Obediências (Grandes Lojas/Grandes Orientes): A Maçonaria é organizada em jurisdições independentes, chamadas de Grandes Lojas ou Grandes Orientes, que governam as Lojas locais em um determinado território. Cada Obediência tem sua própria constituição e regulamentos. A regularidade maçônica é um conceito que define o reconhecimento mútuo entre essas Obediências, baseado em princípios como a crença em um Ser Supremo e a inclusão apenas de homens (em muitas jurisdições). Existem, no entanto, Obediências que adotam a Maçonaria Mista (com homens e mulheres) ou a Maçonaria Feminina.

 

História da Maçonaria

 

A história da Maçonaria é complexa e suas origens precisas são objeto de debate.

  • Antiguidade e Lendas: Muitos maçons e historiadores traçam as raízes da Ordem a tradições antigas, como as guildas de construtores do Egito, as escolas de mistérios da Grécia e até mesmo a construção do Templo de Salomão, que é uma alegoria central em muitos ritos maçônicos. Embora não haja provas diretas de uma continuidade institucional desde esses tempos, a Maçonaria incorpora símbolos e ensinamentos que remetem a essas tradições.
  • Idade Média e as Guildas de Pedreiros: A teoria mais aceita para a origem direta da Maçonaria moderna é a das guildas de pedreiros medievais (Maçonaria Operativa) na Europa, especialmente na Escócia e na Inglaterra. Esses pedreiros eram altamente especializados e viajavam por diferentes regiões para construir catedrais e outras estruturas. Eles possuíam “segredos” de seu ofício (técnicas de construção) e meios de reconhecimento para identificar uns aos outros.
  • Transição para o Especulativo (Séculos XVI e XVII): Com o tempo, essas guildas começaram a aceitar membros que não eram pedreiros de ofício, mas que eram influentes ou interessados em seus ideais morais e filosóficos. Esses “maçons aceitos” gradualmente transformaram as guildas de associações profissionais em sociedades mais filosóficas e éticas. Documentos como os “Old Charges” (Antigos Deveres) e os “Manuscritos” dos séculos XIV a XVII já mostram essa evolução.
  • Fundação da Grande Loja de Londres (1717): O marco que é amplamente reconhecido como o início da Maçonaria Moderna (Especulativa) foi a união de quatro Lojas em Londres para formar a Primeira Grande Loja da Inglaterra em 24 de junho de 1717. A partir daí, a Maçonaria se expandiu rapidamente pela Europa e, posteriormente, para o resto do mundo, com a fundação de diversas Grandes Lojas e a padronização de rituais e constituições.
  • Expansão e Influência: A Maçonaria teve um papel significativo em diversos movimentos históricos, como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a Abolição da Escravatura no Brasil. Muitos líderes e pensadores importantes foram maçons, e a Ordem se tornou um centro de debate de ideias e de promoção de valores como a liberdade, igualdade e fraternidade.

A Maçonaria continua a ser uma instituição global, com Lojas em praticamente todos os países, adaptando-se aos tempos, mas mantendo seus princípios e símbolos fundamentais.

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