Posso compartilhar o neutro com outros circuitos?

Assista o vídeo abaixo do canal Eletricidade Online:

 

Não. De acordo com a norma NBR 5410, cada circuito deve ter seu próprio condutor neutro. Compartilhar o neutro é perigoso, pode causar sobrecargas, comprometer a segurança dos equipamentos e até provocar choques elétricos.

A resposta é um não categórico, e a razão é bem clara: segurança.

Cada circuito deve ser tratado como uma via de mão única, com sua própria fase (a corrente que “vai”) e seu próprio neutro (o caminho de “retorno”). A NBR 5410, norma técnica que regula as instalações elétricas de baixa tensão no Brasil, é taxativa sobre isso, exigindo um condutor neutro exclusivo para cada circuito.

 

Os Perigos de Compartilhar o Neutro

 

O problema de compartilhar o neutro não é que a instalação não vai “funcionar”. Na verdade, ela pode até funcionar por um tempo, o que leva muitas pessoas a cometerem esse erro. O grande risco está no que acontece quando algo sai do controle.

  1. Sobrecarga e Incêndio: A corrente elétrica do circuito, que passa pela fase, retorna pelo neutro. Se você compartilhar o mesmo neutro com mais de um circuito, a corrente de todos eles se somará nesse único fio. Imagine uma via de trânsito que de repente precisa receber o fluxo de duas estradas. O resultado é um congestionamento. Na eletricidade, esse “congestionamento” significa um superaquecimento do cabo, que pode derreter o isolamento e causar um incêndio.
  2. Choque Elétrico e Queima de Equipamentos: Um dos perigos mais graves é a interrupção do neutro. Se esse fio compartilhado se rompe (por sobrecarga, por exemplo), a tensão entre os circuitos conectados se desequilibra. A tensão que antes era de 127V ou 220V pode subir ou descer drasticamente em cada aparelho. Em uma rede bifásica, por exemplo, a tensão pode atingir 220V em equipamentos feitos para 127V, resultando na sua queima imediata.
  3. Comprometimento dos Dispositivos de Segurança: A separação dos circuitos com disjuntores e outros dispositivos de proteção, como o DR (Dispositivo Diferencial Residual), só funciona corretamente se cada um tiver sua própria fase e neutro. Se o neutro for compartilhado, um DR pode não funcionar, ou funcionar de forma errada, já que não consegue “ler” a corrente de forma individual para cada circuito, e assim a segurança da instalação fica comprometida.

 

Um Exemplo Real para Entender

 

Vamos imaginar uma casa com dois circuitos:

  • Circuito 1: Iluminação da sala, com carga de 5A.
  • Circuito 2: Tomadas da cozinha, com carga de 10A (com geladeira, micro-ondas, etc.).

Se esses dois circuitos compartilharem o mesmo fio neutro, a corrente total que passará por ele será a soma das correntes de cada circuito. Ou seja, 5A + 10A = 15A. Se o fio neutro foi dimensionado para um único circuito, por exemplo, para aguentar no máximo 10A, ele será sobrecarregado.

Agora, imagine que um eletricista inexperiente, para “economizar” fio, decide usar um único condutor neutro para toda a casa. Em um dia quente, com vários aparelhos ligados em diferentes circuitos, a soma das correntes pode ser muito alta, fazendo o neutro sobreaquecer e derreter o isolamento, gerando um curto-circuito e um princípio de incêndio no quadro de luz.

Em resumo, a economia de um metro de fio não compensa o risco de um incêndio, choques elétricos ou a perda de todos os seus eletrodomésticos. O correto e seguro, de acordo com a norma, é usar um condutor neutro exclusivo para cada circuito, do quadro de distribuição até o ponto de consumo.

 

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