Sistema Nervoso Central à Luz da Doutrina Espírita

Vejamos a base anatômica e fisiológica do sistema nervoso central, sob a ótica da Doutrina Espírita.


Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso Central (SNC) à Luz da Doutrina Espírita

Que jornada incrível é estudar o sistema nervoso central, o maestro de nosso ser, sob uma perspectiva que integra a ciência e a espiritualidade! Para a Doutrina Espírita, o SNC, embora seja uma estrutura material, é muito mais do que apenas um conjunto de células; é o instrumento de que o Espírito Imortal se utiliza para se manifestar e interagir no plano físico.

Imagine nosso corpo como um carro sofisticado. As rodas, o motor, o chassi seriam a parte material. O SNC, com toda sua complexidade, seria o painel de controle, os circuitos elétricos e o sistema de navegação. Mas quem dirige esse carro? Quem o programa? É o Espírito, a individualidade pensante e consciente, que o controla e o utiliza para a sua evolução.

I. Anatomia do SNC: O Instrumento Material do Espírito

O SNC é composto pelo encéfalo e pela medula espinhal, ambos intrinsecamente ligados ao perispírito, nosso corpo fluídico semimaterial que serve de elo entre o Espírito e o corpo físico.

A. O Encéfalo: O Centro de Comando e Expressão do Espírito

O encéfalo, essa maravilha da criação, é a parte do SNC que reside em nossa caixa craniana. Do ponto de vista espírita, ele não é a fonte da consciência, mas sim o órgão que permite a exteriorização e a materialização dos pensamentos, sentimentos e vontades do Espírito.

  1. Cérebro (ou Telencéfalo): O Grande Laboratório da Mente Encarnada

    • Estrutura: Dividido em dois hemisférios cerebrais, com sua superfície cheia de sulcos e giros, o córtex cerebral é a área de maior diferenciação.
    • Divisão em Lobos e a Relevância Espírita: Cada lobo, com suas funções específicas, representa áreas especializadas para a manifestação das faculdades do Espírito.
      • Lobo Frontal: Aqui se exteriorizam as faculdades superiores da alma: o raciocínio, o planejamento, a moral, a vontade e o livre-arbítrio (dentro dos limites da matéria). Lesões nessa área podem dificultar a expressão dessas virtudes, revelando as imperfeições e desequilíbrios do Espírito que ainda precisa aprender a controlar suas tendências.
      • Lobo Parietal: Permite ao Espírito a percepção do mundo físico através dos sentidos do tato, dor e pressão. A percepção espacial e a navegação são cruciais para a interação no ambiente material, revelando a capacidade do Espírito de se localizar e agir.
      • Lobo Temporal: Por meio dele, o Espírito processa a audição, compreende a linguagem e acessa a memória. A memória não é apenas um registro do cérebro, mas a exteriorização da memória do Espírito (a memória integral), que o cérebro físico acessa e organiza no tempo e espaço da encarnação. O lobo temporal também lida com as emoções, que são ressonâncias dos estados d’alma.
      • Lobo Occipital: A porta para a visão do mundo material. É por meio dele que o Espírito “vê” e interpreta as imagens captadas pelos olhos físicos. As informações captadas se convertem em percepções no Espírito.
    • Áreas de Associação: São os pontos de integração onde o Espírito harmoniza as diversas informações, permitindo a manifestação de pensamentos complexos, a intuição e a sintonia com os planos espirituais, conforme o grau de elevação moral.
  2. Diencéfalo: A Ponte entre o Sutil e o Denso

    • Estrutura: Abriga o tálamo e o hipotálamo.
    • Componentes-Chave:
      • Tálamo: É um centro de retransmissão fundamental, uma espécie de central de controle onde as impressões sensoriais do corpo são filtradas e enviadas ao córtex para a análise do Espírito. Também pode atuar como um ponto de conexão mais direto para sensações sutis, pré-cognitivas.
      • Hipotálamo: Regula as funções vitais automáticas do corpo, garantindo a homeostase, que é essencial para que o Espírito possa se manter encarnado e atuar. Sua ligação com o sistema endócrino mostra a influência do estado vibratório do Espírito sobre a química do corpo.
  3. Tronco Encefálico: O Eixo da Vida Orgânica

    • Estrutura: Conecta o cérebro à medula espinhal.
    • Função: Abriga centros vitais como a respiração e os batimentos cardíacos. Do ponto de vista espírita, ele é o núcleo de sustentação da vida orgânica, permitindo a permanência do Espírito no corpo. É por meio dele que muitos processos reflexos e inconscientes se manifestam, garantindo a sobrevivência do invólucro carnal.
  4. Cerebelo: O Coordenador da Ação e do Hábito

    • Estrutura: Parte posterior e inferior do encéfalo.
    • Função: Embora coordenando movimentos, o cerebelo é o local onde se automatizam as habilidades adquiridas pelo Espírito ao longo de muitas encarnações. As aptidões naturais, a destreza física e a coordenação são reflexos do trabalho do Espírito que se manifestam através desta estrutura. Ele facilita a execução de tarefas que se tornaram “segunda natureza” para a alma.

B. Medula Espinhal: A Via de Comunicação Essencial

  • Estrutura: O feixe de tecido nervoso que se estende da caixa craniana.
  • Funções: É a principal via de comunicação entre o cérebro (e, portanto, o Espírito que o utiliza) e o restante do corpo físico. Transmite as diretrizes do Espírito para a ação muscular e os comandos para os órgãos, bem como as sensações do corpo para a análise do Espírito. Os reflexos medulares demonstram a autonomia do corpo em certas funções para a proteção do Espírito.

II. Fisiologia do SNC: A Interação Espírito-Matéria

A fisiologia do SNC, sob a ótica espírita, é a dança contínua entre o Espírito, o perispírito e a matéria. O perispírito atua como um molde e um intermediário, transmitindo as vibrações do Espírito ao cérebro e do cérebro ao Espírito.

A. Os Agentes da Comunicação: Neurônios e Glia

  1. Neurônios: As “Células Sensíveis”

    • Estrutura: Corpo celular, dendritos e axônio.
    • Função: São as células que respondem aos impulsos do perispírito, traduzindo as intenções e pensamentos do Espírito em atividades elétricas e químicas. Eles são os instrumentos delicados que captam e retransmitem as vibrações psíquicas, permitindo que o Espírito opere no plano físico.
    • Sinapse: Onde ocorre a transmissão de informações. É neste ponto que a energia mental do Espírito pode influenciar a liberação de neurotransmissores, impactando diretamente o funcionamento cerebral.
  2. Células da Glia (Neuroglia): As Servidoras Essenciais

    • Funções: Embora não transmitam impulsos, as células da glia dão suporte, nutrem e protegem os neurônios. Espíritos mais elevados e equilibrados manifestam um corpo mais saudável, com um sistema glial mais robusto e funcional, refletindo a harmonia interna.
    • Relevância Espírita: A saúde e o bom funcionamento glial são reflexos da saúde do Espírito e de seu perispírito. Disfunções nessas células podem indicar desequilíbrios espirituais que se manifestam no corpo físico.

B. A Corrente Eletroquímica: A Vibração do Espírito na Matéria

  1. Potencial de Ação (Impulso Nervoso):

    • É a manifestação elétrica da intenção do Espírito. A energia mental do Espírito, transmitida através do perispírito, gera o potencial de ação nos neurônios, permitindo a execução das ações no mundo físico.
  2. Neurotransmissores: Os Químicos da Alma

    • São as substâncias que carregam as mensagens entre os neurônios. A mente do Espírito, através do perispírito, pode modificar a produção e a liberação de neurotransmissores, influenciando o humor, o pensamento e o comportamento. É por isso que nossos estados mentais e emocionais (que emanam do Espírito) afetam tão profundamente nosso corpo.
    • Exemplos e Visão Espírita:
      • Dopamina: Reflete a busca do Espírito por prazer e recompensa, muitas vezes mal direcionada em vícios e desequilíbrios.
      • Serotonina: Indica o estado de equilíbrio emocional do Espírito, sua serenidade ou perturbação.
      • Glutamato/GABA: Representam o delicado balanço entre a excitação e a inibição, fundamental para o aprendizado e a moderação do Espírito.

C. Redes Neuronais e Plasticidade Cerebral: O Registro da Evolução

  • Redes Neuronais: São os caminhos e circuitos que o Espírito utiliza para exteriorizar suas faculdades. Quanto mais o Espírito se exercita em determinadas ações e pensamentos (morais ou intelectuais), mais robustas e eficientes essas redes se tornam.
  • Plasticidade Cerebral (Neuroplasticidade): A capacidade do cérebro de se moldar é a prova material da ação do Espírito sobre a matéria. Através do estudo, da prática e do aprimoramento moral, o Espírito molda seu próprio instrumento cerebral. A reabilitação após uma lesão não é apenas um fenômeno físico, mas a manifestação do Espírito se esforçando para reestabelecer a comunicação com seu corpo, utilizando as capacidades de adaptação que a Lei Divina lhe concede.

III. Integração Neuropsicológica: O Espírito, a Mente e o Corpo

A neuropsicologia, sob a luz espírita, ganha uma dimensão mais profunda. Ela estuda não apenas o cérebro e o comportamento, mas a interação Espírito-perispírito-cérebro-comportamento.

  1. Localização de Funções: As áreas cerebrais são “ferramentas” específicas para a expressão das faculdades do Espírito. Uma lesão cerebral não significa que o Espírito perdeu uma faculdade, mas que seu instrumento de manifestação está comprometido, dificultando a exteriorização daquela capacidade.
  2. Avaliação e Diagnóstico: Os déficits cognitivos observados são os desafios do Espírito ao tentar se manifestar através de um instrumento imperfeito ou danificado. O neuropsicólogo, com essa visão, busca entender não só o dano cerebral, mas as potencialidades do Espírito que precisam ser estimuladas para a superação.
  3. Reabilitação Cognitiva: É um trabalho de ajuda ao Espírito para que ele possa re-estabelecer a conexão com seu corpo, criar novas vias de comunicação ou adaptar-se às limitações impostas. É um processo de aprendizado e paciência para a alma em sua jornada evolutiva.
  4. Compreensão de Transtornos: Muitos transtornos (neurodegenerativos, psiquiátricos) são vistos como reflexos de desequilíbrios espirituais, karmas ou obsessões, que se somam a predisposições genéticas e ambientais. A doença, muitas vezes, é uma oportunidade para o Espírito aprender, resgatar e evoluir.
  5. Entendimento do Desenvolvimento e Envelhecimento: A infância é o período de maior plasticidade, onde o Espírito está se adaptando ao novo corpo e aprendendo a utilizá-lo. O envelhecimento, com suas perdas cognitivas, é um processo natural de desprendimento gradual do Espírito do corpo físico, preparando-o para o retorno à pátria espiritual.

IV. Perspectivas Atuais e Desafios Espíritas

  • Conectividade e Perispírito: A Doutrina Espírita complementa a ideia de redes neuronais, pois o perispírito é a verdadeira rede de conexão que interliga o Espírito a todas as células do corpo, permitindo a manifestação da vida e da consciência.
  • Neuroimagem e Desafios: As técnicas de neuroimagem podem nos mostrar a atividade cerebral, mas não a fonte primária dessa atividade: o Espírito. Elas revelam os efeitos, não a causa última do pensamento.
  • Interdisciplinaridade: O diálogo entre ciência e Doutrina Espírita é fundamental para uma compreensão integral do ser humano, unindo os conhecimentos do corpo, da mente e da alma.
  • Desafios: O maior desafio é conciliar a visão materialista da ciência com a dimensão espiritual, reconhecendo que a consciência não é produto do cérebro, mas sua utilizadora e fonte de sua atividade. A verdadeira chave está em compreender a dualidade Espírito-matéria e como a vida se manifesta através dessa união.

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