Gustave Geley foi uma figura importante no campo da metapsíquica (o estudo científico de fenômenos psíquicos) no início do século XX.
A seguir maiores detalhes sobre sua vida, trabalho e, em particular, sobre seu livro “O Ser Subconsciente”.
Quem Foi Gustave Geley?
Jean-Baptiste “Gustave” Geley (1865 – 1924) foi um médico e pesquisador francês que se dedicou intensamente ao estudo dos fenômenos mediúnicos e paranormais, buscando uma abordagem estritamente científica. Ele é considerado um dos principais expoentes da metapsíquica, trabalhando para tirar o estudo desses fenômenos do domínio do mero ocultismo e colocá-lo no escopo da ciência.
Biografia (1865 – 1924)
- Nascimento: 1865, na França.
 - Formação: Doutor em Medicina. Sua formação médica inicial deu-lhe a base para a metodologia rigorosa que aplicaria em suas pesquisas psíquicas.
 - Carreira Inicial: Exerceu a medicina, mas logo se voltou para a investigação dos fenômenos psíquicos.
 - Fundação e Liderança: Em 1919, sucedeu o famoso fisiologista Charles Richet (Prêmio Nobel de Medicina em 1913) na direção do Instituto Metapsíquico Internacional (IMI) em Paris, uma das instituições mais importantes da época dedicadas a esta pesquisa.
 - Morte: 1924, em um acidente de avião na Polônia, durante uma viagem de pesquisa. Sua morte prematura foi vista como uma grande perda para a metapsíquica.
 
Estudos e Pesquisas
O trabalho de Geley se concentrou em submeter os fenômenos mediúnicos a um controle laboratorial rigoroso. Ele estava menos interessado em teorias místicas e mais na produção objetiva de provas.
- Ectoplasmia e Materializações: A maior parte de suas pesquisas no IMI envolveu o estudo de materializações e fenômenos de ectoplasmia (a substância que se diz emanar do médium para formar objetos ou figuras).
- Ele utilizou médiuns notórios da época, como Eva C. e Franck Kluski.
 - Empregava métodos como a utilização de gaiolas de controle, lacres, pesagens e moldes de parafina (muitos dos quais foram feitos em seu próprio laboratório) para tentar garantir que não houvesse fraude por parte dos médiuns ou assistentes.
 
 - Teoria da Ideoplastia: Geley propôs a teoria de que o fenômeno da materialização seria uma manifestação de um poder da mente (o “Ser Subconsciente”) para moldar a matéria viva. Essa força, ele chamou de Ideoplastia (a ideia molda a forma).
 - Metodologia Científica: Seu legado reside na insistência por um método de estudo que incluía a participação de cientistas de diversas áreas e a busca incessante por eliminar fraudes e erros de observação.
 
Principais Obras
As obras de Geley são marcos na tentativa de fundamentar a metapsíquica.
- “De l’Inconscience à la Conscience” (Da Inconsciência à Consciência): Uma de suas obras iniciais, onde ele começou a delinear sua visão da evolução da vida e da mente.
 - “La Médiumnité et les Activités Inconscientes” (A Mediunidade e as Atividades Inconscientes): Aborda a relação entre os estados alterados de consciência, o subconsciente e a produção de fenômenos psíquicos.
 - “L’Ectoplasmie et la Clairvoyance” (A Ectoplasmia e a Clarividência): Um trabalho onde ele detalha suas experiências e conclusões sobre o fenômeno da materialização, apresentando evidências fotográficas e testemunhais.
 - “O Ser Subconsciente” (L’Être Subconscient) (1899) (Detalhado abaixo).
 
Detalhes Sobre o Livro “O Ser Subconsciente”
Título Original: L’Être Subconscient
Ano de Publicação: 1899
“O Ser Subconsciente” é a obra fundamental na qual Geley apresenta sua visão cosmológica e filosófica sobre a natureza da vida, da consciência e do subconsciente.
Conceito Central
O livro propõe a existência de um “Ser Subconsciente” que é a essência do indivíduo, anterior à consciência pessoal e à própria matéria. Este Ser Subconsciente não é apenas o reservatório de memórias reprimidas (como no conceito freudiano), mas sim a força criadora, organizadora e evolutiva por trás de toda a manifestação da vida.
- O Subconsciente como Gênio: Geley o descreve como um gênio construtor que dirige a evolução, a embriogênese (formação do embrião), a regeneração dos tecidos e, na mediunidade, a produção dos fenômenos psíquicos (como a materialização).
 - Evolução e Consciência: O livro argumenta que a vida segue um plano preexistente (o Ser Subconsciente) que se manifesta progressivamente na matéria e, finalmente, atinge a consciência plena (o “eu” pessoal). A consciência seria, portanto, um produto da evolução do Ser Subconsciente.
 - Mecanismo dos Fenômenos: É neste Ser Subconsciente que residem as capacidades que se manifestam nos fenômenos metapsíquicos, como a Ideoplastia (o poder de moldar a matéria com a ideia), a telepatia e a clarividência. Esses fenômenos seriam, essencialmente, a manifestação direta das capacidades latentes dessa força subconsciente, rompendo as barreiras da consciência comum.
 
Estrutura da Obra (Tópicos Comuns)
O livro geralmente se desenvolve em uma estrutura que visa fundamentar cientificamente (para a época) a existência dessa força.
- A Hipótese do Subconsciente: Apresentação da ideia de uma inteligência subjacente à consciência.
 - O Subconsciente na Biologia: Discussão sobre como essa força dirige os processos vitais (reprodução, crescimento, cura).
 - O Subconsciente na Psicologia: Análise de como ele se manifesta em estados alterados (sonhos, hipnose, sonambulismo).
 - O Subconsciente e a Metapsíquica: Onde ele conecta o Ser Subconsciente aos fenômenos de materialização, telepatia e clarividência, usando-o como o agente causador.
 - Conclusão Filosófica: Reflexão sobre o propósito evolutivo da consciência humana.
 
Legado
Geley deixou um legado de rigor experimental no estudo dos fenômenos psíquicos. Suas pesquisas no IMI, documentadas em seus livros, forneceram um dos mais sólidos corpos de evidência fotográfica e laboratorial para os fenômenos de materialização, embora esses fenômenos continuem a ser motivo de grande controvérsia científica até hoje. Sua teoria do Ser Subconsciente influenciou profundamente o pensamento metapsíquico da época.
Testemunho da Materialização Completa
Gustave Geley testemunhou a materialização completa de um Espírito?
Sim, Gustave Geley afirmava ter testemunhado materializações completas de formas que ele e outros pesquisadores consideravam ser manifestações de “espíritos” ou entidades.
No contexto de suas pesquisas em metapsíquica, Geley e seus colegas (incluindo Charles Richet) usavam a palavra “materialização” (ou “ectoplasmia”) para descrever o fenômeno em que formas tridimensionais, que iam desde partes do corpo (mãos, rostos) até figuras completas, emergiam do médium, geralmente em condições de pouca luz.
Pontos Chave do Testemunho de Geley
- Ênfase no Ectoplasma: Geley se concentrava na substância que tornava a manifestação possível: o ectoplasma. Em sua principal obra sobre o tema, L’Ectoplasmie et la Clairvoyance (A Ectoplasmia e a Clarividência), ele detalha suas experiências e conclusões sobre a realidade objetiva dessa substância.
 - Materializações com Kluski: Ele obteve alguns dos seus fenômenos mais convincentes com o médium polonês Franck Kluski. Kluski produzia materializações que incluíam moldes de parafina (obtidos com grande rigor de controle) de mãos, pés e até mesmo máscaras faciais que, segundo Geley, eram evidências irrefutáveis de formas tangíveis.
 - Figuras Completas: Geley registrou, em atas e fotografias (muitas vezes em condições difíceis devido à aversão do fenômeno à luz), a emergência de figuras humanas inteiras, que ele considerava terem consistência física e mobilidade própria, separadas do corpo do médium. Ele via isso como a manifestação do seu “Ser Subconsciente” (Ideoplastia) ou de uma entidade exterior utilizando a força do médium.
 - Controle Científico: O ponto central de seu trabalho era a eliminação da fraude. Ele utilizava gaiolas de controle, lacres e verificações para garantir que o médium (como Eva C. ou Kluski) não pudesse usar partes do próprio corpo para simular as aparições. O fato de ele continuar convencido da autenticidade após esses rigorosos controles é o que torna seu testemunho significativo na história da pesquisa psíquica.
 
Portanto, Geley não apenas acreditava na possibilidade, mas afirmava ter presenciado e documentado materializações completas, considerando-as a prova física mais importante da metapsíquica.