O que é o Processo de Produção Literária?

A produção literária é a arte de criar textos com um propósito artístico ou comunicativo, geralmente buscando explorar a ficção, a poesia, o ensaio ou outras formas de expressão. Vai além da simples escrita; é um processo de construção e lapidação de ideias, emoções e narrativas.

Não se limita apenas a romances ou poemas; pode incluir roteiros, peças de teatro, crônicas e até mesmo trabalhos acadêmicos que utilizem uma linguagem mais elaborada. O objetivo é transmitir uma mensagem, despertar sentimentos, provocar reflexão ou simplesmente entreter o leitor.

Gêneros Literários

Os gêneros literários são classificações que agrupam textos com características e estruturas semelhantes. A divisão clássica, que remonta à Antiguidade, os separa em três grandes grupos:

1. Gênero Narrativo (ou Épico)

• Características: Textos que contam uma história. Apresentam elementos como:
  • Narrador: A voz que conta a história. Pode ser em primeira pessoa (participante da história) ou terceira pessoa (observador).
  • Personagens: Seres (humanos, animais, fantásticos) que atuam na história.
  • Enredo (ou Trama): A sequência de acontecimentos que compõem a história.
  • Tempo: O período em que a história se desenvolve.
  • Espaço: O local (ou locais) onde a história acontece.
• Subgêneros comuns:
  • Romance: Longa narrativa em prosa, geralmente com foco no desenvolvimento de personagens e em um enredo complexo.
  • Conto: Curta narrativa em prosa, mais concisa e focada em um único evento ou instante.
  • Novela: Narrativa em prosa de tamanho intermediário entre o conto e o romance, com enredo mais rápido e objetivo.
  • Crônica: Narrativa breve que aborda acontecimentos do cotidiano, muitas vezes com um toque pessoal e reflexivo.
  • Fábula: Narrativa curta com animais como personagens, que transmite uma moral ou ensinamento.
  • Epopeia: Longo poema narrativo que canta feitos heroicos de um povo ou de um herói (ex: Ilíada, Os Lusíadas).

2. Gênero Lírico

• Características: Textos que expressam subjetividade, emoções, sentimentos e ideias do eu-lírico (a voz poética). São frequentemente conotativos (com múltiplos significados) e podem ser escritos em verso ou prosa.
• Subgêneros comuns:
  • Poema: Composição em versos, que podem ou não ter rimas e estrofes. É o formato mais comum.
  • Ode: Poema de exaltação, homenagem ou louvor.
  • Elegia: Poema de teor melancólico, que lamenta algo ou alguém.
  • Soneto: Poema de forma fixa, com 14 versos (geralmente dois quartetos e dois tercetos).
  • Haicai: Poema de origem japonesa, com três versos (5-7-5 sílabas).

3. Gênero Dramático

• Características: Textos escritos para serem encenados, ou seja, peças de teatro. A principal característica é o uso de diálogos entre os personagens, sem a presença de um narrador (exceto em indicações cênicas).
• Subgêneros comuns:
  • Tragédia: Peça teatral com temática séria e final infeliz, explorando os destinos dos personagens (ex: Édipo Rei).
  • Comédia: Peça teatral com caráter humorístico, que satiriza aspectos da sociedade ou do comportamento humano (ex: O Noviço).
  • Auto: Peça teatral de cunho moralista, religioso ou satírico (ex: Auto da Compadecida).
  • Farsa: Peça cômica de um único ato, geralmente com situações exageradas.

O Processo de Escrita Literária

O processo de escrita literária é uma jornada que varia de autor para autor, mas geralmente envolve algumas etapas comuns:

1. Pré-escrita (ou Planejamento):

   • Ideia: Tudo começa com uma centelha, uma ideia, um tema, uma imagem ou uma pergunta que você deseja explorar.
   • Pesquisa: Mesmo em ficção, a pesquisa pode ser crucial para dar credibilidade e profundidade à sua história (história, locais, costumes, etc.).
   • Brainstorming: Anotar ideias, criar mapas mentais, fazer listas de personagens, cenários, reviravoltas no enredo.
   • Estruturação: Pensar na estrutura da história (começo, meio e fim), na jornada dos personagens, nos principais conflitos. Alguns autores preferem fazer um esboço detalhado (outline), enquanto outros preferem uma abordagem mais orgânica.
   • Definição do Ponto de Vista: Quem vai contar a história? (Narrador em primeira, terceira pessoa, etc.)

2. Rascunho (ou Escrita em si):

   • Fluxo de Consciência: Muitos autores defendem a ideia de escrever o primeiro rascunho sem se preocupar muito com a perfeição gramatical ou estilística. O objetivo é colocar as ideias no papel, deixar a história fluir.
   • Hábito: A consistência é fundamental. Tentar escrever um pouco todos os dias, mesmo que seja por um curto período, ajuda a manter o ritmo e a conexão com a obra.
   • Exploração: É a fase de experimentação, de descobrir os personagens, os diálogos, o tom da narrativa.

3. Revisão e Edição:

   • Primeira Revisão (do autor): Após o primeiro rascunho, o autor revisa o texto para verificar a coesão, coerência, desenvolvimento de personagens, ritmo da narrativa e eventuais falhas no enredo.
   • Revisão Gramatical e Ortográfica: Corrigir erros de português, pontuação e digitação. É comum pedir a um leitor beta ou editor profissional para realizar essa etapa, pois o autor tende a não perceber os próprios erros.
   • Corte e Lapidação: Remover trechos desnecessários, reescrever frases, aprimorar a linguagem, buscar a clareza e a expressividade. É a fase de “polir” o texto.
   • Leitura em Voz Alta: Ajuda a identificar diálogos artificiais, frases truncadas e problemas de ritmo.

4. Avaliação Externa e Publicação (Opcional):

   • Leitores Beta: Compartilhar o texto com amigos ou outros escritores para obter feedback construtivo.
   • Busca por Editora/Agente: Caso o objetivo seja a publicação tradicional.
   • Auto-publicação: Opção para autores que desejam ter mais controle sobre o processo.
   • Divulgação: Promover a obra para que ela chegue ao público.

Este é um panorama geral. Cada autor desenvolve sua própria metodologia, e o mais importante é encontrar o que funciona melhor para você.