Carta aos Médiuns

Carta aos Médiuns

Irmão, se a mediunidade
Faz parte de tua ação,
Procura nos Evangelhos
A senda de redenção.

Sei que choras, sei que lutas,
Sei que padeces, porém,
Teu serviço na Verdade
É o santo esforço do Bem.

Faculdades numerosas
Não representam a Luz.
Bom médium é todo aquele
Que anda sempre com Jesus.

Humildade, tolerância,
Amor e compreensão
Devem ser toda a ciência
De tua demonstração.

Foge sempre do elogio
De espíritos displicentes.
Do quadro de teus amigos
Prefere os mais exigentes.

Um médium, por suscetível,
Pode, às vezes, se perder.
Sê forte. Toda opinião
Tem sua razão de ser.

Não olvides, no caminho,
Que acima das devoções,
Deve estar o cumprimento
De tuas obrigações.

Trabalha. Não comercies
Com as coisas santas de Deus
Teus esforços são sagrados
No abrigo e no pão dos teus.

Sobre o anseio das pessoas
Coloca os princípios santos.
Caridade esclarecida
Evita-nos muitos prantos.

Muita gente te procura
Sob impressões singulares.
Não te perturbe o egoísmo
Dos casos particulares.

Na escola da dor terrestre
Cada qual tem sua cruz;
Não podes modificar
A ordenação de Jesus.

Não provoques o invisível.
Em qualquer mediunidade,
Não se pode prescindir
De toda a espontaneidade.

Não guardes a pretensão
De seres maior que alguém.
Deus tem muitos
Instrumentos
No eterno labor do Bem.

Cada médium tem seu campo
Determinado de ação.
Multiplica os bens divinos,
Guardados na tua mão.

Publicidade? Não tenhas
Desejos e ânsias fatais.
A vaidade, por vezes,
Vem da letra dos jornais.

Pensa muito, estuda muito,
Qualquer provisão de luz
Aumenta o valor divino
De tua ação com Jesus.

Não te entregues no caminho
A todo cientificismo.
Ciência sem consciência
É porta aberta de abismo.

Não desdenhes o ambiente
Onde o teu campo produz,
Nem a pequena aventura
Que te impressiona ou seduz.

Se fores mistificado
Não te esqueças, mesmo aí,
Que tudo é lição do Além
Que não se esquece de ti.

Ora e vigia. E que Deus
Das luzes da perfeição,
Aclare o teu pensamento,
Conforte o teu coração.

Fonte:
Texto extraído do Livro
Anais 1⁰ Semestre 2003
Do Instituto de Cultura Espírita do Brasil
Páginas 40 e 41.

Essa “Carta aos Médiuns” é uma mensagem profunda e tocante, que oferece orientação espiritual e princípios éticos para aqueles envolvidos na mediunidade. Ela ressalta a importância de alinhar a prática mediúnica com os ensinamentos dos Evangelhos, destacando a humildade, a caridade e a compreensão como valores centrais.


Temas Principais

  • Fundamentação Evangélica: A carta enfatiza repetidamente a necessidade de os médiuns basearem sua prática nos ensinamentos de Jesus e nos Evangelhos. Isso sugere que a verdadeira mediunidade não é apenas sobre a comunicação com o plano espiritual, mas sobre a elevação moral e espiritual.
  • Humildade e Serviço: Aconselha-se veementemente contra o orgulho, a autoimportância e a busca por reconhecimento ou ganho financeiro. Em vez disso, promove o serviço desinteressado, a humildade e a compreensão de que os médiuns são simplesmente instrumentos de um propósito maior.
  • Conduta Ética: O texto fornece diretrizes éticas claras, como evitar a comercialização do trabalho espiritual, preferir amigos sinceros e exigentes a superficiais, e não buscar vantagem pessoal ou atenção.
  • Disciplina Interna e Estudo: Incentiva a autorreflexão contínua, o estudo e a oração (“Ora e vigia”) como essenciais para o crescimento espiritual e a proteção contra influências negativas.
  • Discernimento e Responsabilidade: Os médiuns são lembrados de que suas faculdades são uma responsabilidade, não uma marca de superioridade. São instados a serem fortes em suas convicções, evitar provocar o invisível e entender que cada pessoa tem sua própria jornada e desafios.
  • Caridade e Compaixão: A carta sublinha a importância da caridade esclarecida, enfatizando que a verdadeira ajuda vem da compreensão e do alívio do sofrimento, em vez de atender ao egoísmo ou tentar alterar os planos divinos.

Resumo da Mensagem

A “Carta aos Médiuns” serve como uma bússola espiritual para aqueles que trilham o caminho mediúnico. Ela lembra aos médiuns que suas habilidades são um encargo sagrado, não um meio para a glória pessoal ou ganho material. A verdadeira essência da mediunidade, segundo este texto, reside em alinhar-se com os princípios do Evangelho: humildade, caridade sem limites, serviço desinteressado e dedicação inabalável ao bem. A carta adverte contra as armadilhas do orgulho, da vaidade e da comercialização do trabalho espiritual, incentivando, em vez disso, uma vida de estudo, oração e conduta ética. Em última análise, o texto defende uma mediunidade enraizada no profundo respeito às leis divinas e um compromisso sério com o bem-estar espiritual da humanidade, sempre tendo Jesus como o guia supremo.

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