Centros de força e corpo fluídico na visão espírita fazendo um relacionamento com o Yoga e suas terminologias

É fascinante como diferentes sistemas de conhecimento espiritual convergem em certos aspectos da nossa anatomia sutil.

Vamos explorar os centros de força e o corpo fluídico na visão espírita, relacionando-os com o Yoga e sua terminologia.

Centros de Força na Visão Espírita e sua Analogia com os Chakras do Yoga

No Espiritismo, os centros de força são definidos como pontos de convergência de energias no perispírito (o corpo fluídico ou corpo espiritual). Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, não detalhou extensivamente esses centros, mas obras posteriores, especialmente as psicografadas por Chico Xavier com a orientação do espírito André Luiz, aprofundaram o tema.

Segundo essa visão, os centros de força são vórtices de energia vital que atuam como intermediários entre o corpo espiritual e o corpo físico, responsáveis pela captação, distribuição e transformação das energias cósmicas e espirituais. Eles estão localizados no perispírito, mas têm correspondência com regiões importantes do corpo físico, influenciando o funcionamento dos órgãos e sistemas.

Os principais centros de força descritos na literatura espírita são:

  1. Centro Coronário: Localizado no topo da cabeça, ligado à glândula pineal. É considerado o centro da vida intelectual e da percepção espiritual, responsável pela sintonia com planos superiores.
  2. Centro Cerebral: Situado na região da testa, correspondendo ao centro da atividade mental, do raciocínio e da vontade.
  3. Centro Laríngeo: Localizado na garganta, relacionado à comunicação, à expressão e às energias ligadas à respiração e à fonação (tireoide e paratireoides).
  4. Centro Cardíaco: Encontra-se na região do coração, ligado aos sentimentos, às emoções e à circulação das energias vitais.
  5. Centro Esplênico: Localizado na região do baço, responsável pela distribuição da energia vital para todo o organismo.
  6. Centro Gástrico (ou Plexo Solar): Situado na região do estômago, relacionado à digestão, à nutrição e às emoções primárias.
  7. Centro Genésico: Localizado na região dos órgãos sexuais, ligado à reprodução, à criatividade e às energias de procriação e conservação da espécie.

No Yoga, encontramos o conceito dos chakras (palavra sânscrita que significa “roda” ou “vórtice”). Os chakras são também centros de energia localizados ao longo da coluna vertebral e na cabeça, considerados pontos de conexão entre os corpos físico, mental e espiritual. Embora a terminologia e alguns detalhes possam variar, a correspondência entre os centros de força espíritas e os chakras do Yoga é notável:

Centro de Força (Espiritismo) Chakra (Yoga) Localização Principal Funções Análogas
Coronário Sahasrara (Coronário) Topo da cabeça Conexão espiritual, consciência cósmica, sabedoria
Cerebral Ajna (Terceiro Olho) Entre as sobrancelhas Intuição, percepção, visão interior, intelecto
Laríngeo Vishuddha (Laríngeo) Garganta Comunicação, expressão, verdade, purificação
Cardíaco Anahata (Cardíaco) Centro do peito Amor, compaixão, equilíbrio, cura
Esplênico Sem correspondência direta, mas ligado à vitalidade Região do baço Distribuição de energia vital, vitalidade
Gástrico (Plexo Solar) Manipura (Plexo Solar) Abdômen superior Poder pessoal, vontade, autoestima, metabolismo, digestão
Genésico Svadhisthana (Sacral) Abaixo do umbigo Criatividade, sexualidade, emoções, prazer
Básico Muladhara (Raiz) Base da coluna Segurança, aterramento, sobrevivência, instintos

É importante notar que a literatura espírita geralmente menciona sete centros de força principais, enquanto o sistema de chakras tradicionalmente descreve sete chakras primários, com outros chakras secundários e menores também reconhecidos. O centro básico (Muladhara) do Yoga, ligado à sobrevivência e ao aterramento, não é explicitamente detalhado como um dos sete principais centros de força na visão de André Luiz, embora a importância das energias ligadas à região genital (centro genésico) seja reconhecida em sua influência na vitalidade e na reprodução.

Corpo Fluídico (Perispírito) e sua Relação com os Corpos Sutis do Yoga

O Espiritismo postula a existência do perispírito, um corpo semimaterial que serve de intermediário entre o espírito e o corpo físico. Ele é moldado pela mente e sobrevive à morte do corpo carnal, sendo o veículo das manifestações do espírito. O perispírito é composto de um fluido sutil, derivado do Fluido Cósmico Universal, que se adapta à evolução do espírito, tornando-se mais ou menos etéreo.

No Yoga, a compreensão da constituição do ser humano vai além do corpo físico (Annamaya Kosha), abrangendo os koshas ou ” Bainhas”, que são camadas sutis de energia que envolvem a alma. Embora as descrições possam variar em detalhes dependendo da escola de Yoga e da filosofia Vedanta, geralmente se reconhecem cinco koshas:

  1. Annamaya Kosha: A bainha física, feita de alimento.
  2. Pranamaya Kosha: A bainha de energia vital ou prana, relacionada à respiração e ao fluxo energético no corpo através dos nadis (canais de energia).
  3. Manomaya Kosha: A bainha mental, ligada aos pensamentos, emoções e à mente consciente.
  4. Vijnanamaya Kosha: A bainha da sabedoria ou intelecto discriminativo, relacionada à intuição e ao discernimento.
  5. Anandamaya Kosha: A bainha da bem-aventurança, a camada mais sutil, próxima à natureza essencial da alma.

A relação entre o perispírito e os corpos sutis do Yoga pode ser entendida da seguinte forma:

  • O perispírito espírita parece englobar aspectos de múltiplos koshas do Yoga. Sua natureza fluídica e energética o aproxima do Pranamaya Kosha, sendo o veículo do “prana” ou energia vital, que no Espiritismo é compreendido como o fluido vital.
  • A capacidade do perispírito de ser moldado pela mente e carregar as emoções e pensamentos o relaciona com o Manomaya Kosha.
  • A função do perispírito como intermediário para as manifestações espirituais e sua evolução em sutileza poderiam ser associadas às camadas mais elevadas de consciência, como o Vijnanamaya Kosha e, em última instância, o Anandamaya Kosha, refletindo a busca pela elevação espiritual presente em ambas as filosofias.

No Yoga, os nadis são canais sutis por onde o prana flui, interconectando os chakras e nutrindo todas as partes do ser. Os três nadis principais são Ida (energia lunar, mental), Pingala (energia solar, vital) e Sushumna (o canal central ao longo da coluna). No Espiritismo, embora não haja uma descrição detalhada de “canais” específicos como os nadis, a ideia de que a energia flui e é distribuída a partir dos centros de força para todo o organismo é central. O perispírito atua como um sistema integrado onde a energia circula, influenciando tanto o corpo espiritual quanto o físico.

Terminologias e Pontos de Convergência

Podemos observar que, embora as terminologias sejam diferentes (centros de força/chakras, perispírito/koshas, fluido vital/prana), ambas as visões reconhecem a existência de uma anatomia sutil composta por centros de energia e um corpo energético ou fluídico que interliga a dimensão física com a espiritual ou psíquica.

  • Ambos os sistemas enfatizam a importância do equilíbrio energético para a saúde e o bem-estar, tanto no nível físico quanto no espiritual/mental.
  • Tanto o Yoga quanto o Espiritismo reconhecem a influência da mente e das emoções no corpo energético e, consequentemente, no corpo físico.
  • A prática da meditação e a busca pela elevação moral e espiritual são caminhos importantes em ambas as tradições para a purificação e o desenvolvimento desses centros e corpos sutis.

Em resumo, a visão espírita dos centros de força e do corpo fluídico (perispírito) encontra paralelos significativos com os conceitos de chakras e koshas no Yoga. Embora as abordagens e as terminologias específicas possam diferir devido às suas origens e focos distintos, ambas as filosofias oferecem um mapa da complexa interação entre as dimensões física, energética, mental e espiritual do ser humano. A compreensão dessas analogias pode enriquecer a visão de praticantes de ambas as tradições, proporcionando uma perspectiva mais ampla sobre a natureza da energia vital e os centros de consciência que nos constituem.

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