A realeza de Jesus sob a perspectiva do Evangelho Segundo o Espiritismo.
O Conceito de Rei e Realeza:
Quando pensamos em “rei” e “realeza” no sentido terreno, geralmente imaginamos poder, domínios, riquezas e honrarias. No entanto, Jesus nos apresenta uma realeza de natureza completamente diferente: a realeza moral.
A realeza terrena se baseia em conquistas materiais e poder temporal, enquanto a realeza moral reside na superioridade espiritual, na prática do bem, na humildade, na caridade e no amor ao próximo. Jesus, como espírito puro e modelo para a humanidade, personifica essa realeza moral em sua mais alta expressão.
Vida Presente e Vida Futura:
O Espiritismo nos ensina que a vida não se resume à existência terrena. A vida presente é apenas uma etapa em nossa jornada evolutiva, uma oportunidade de aprendizado e progresso. A vida futura, ou vida espiritual, é a verdadeira vida, eterna e contínua.
Nossas ações e conquistas na vida presente têm consequências diretas em nossa vida futura. As conquistas materiais são efêmeras e se perdem com a morte do corpo, enquanto as conquistas morais são tesouros imperecíveis que levamos conosco para a vida espiritual, moldando nosso futuro e nossa felicidade.
Conquistas Morais Versus Conquistas Materiais:
O Evangelho Segundo o Espiritismo enfatiza a primazia das conquistas morais sobre as materiais. Os bens materiais são úteis e necessários em nossa jornada terrena, mas não são o objetivo principal da existência. O verdadeiro progresso reside no aprimoramento do nosso espírito, no desenvolvimento de virtudes e na prática do amor.
A Perenidade da Realeza Moral na Vida Eterna:
A realeza moral, por sua natureza intrínseca, é eterna. As virtudes que cultivamos, o bem que praticamos e o amor que emanamos se tornam parte de nosso ser espiritual e nos acompanham em todas as nossas existências. Essa realeza moral nos eleva na hierarquia espiritual e nos aproxima de Deus.
O Que é Vida Eterna:
A vida eterna, na concepção espírita, não é uma recompensa ou um castigo, mas sim a continuidade da vida do espírito após a morte do corpo físico. É um processo de evolução constante, no qual o espírito progride intelectual e moralmente, passando por diversas existências em diferentes mundos, até alcançar a perfeição relativa.
A Influência das Conquistas Morais na Percepção do Reino dos Céus:
Nossas conquistas morais influenciam diretamente nossa percepção e nosso acesso ao Reino dos Céus, também chamado de Reino de Deus ou Reino do Bem. Segundo o Espiritismo, esse reino não é um lugar físico delimitado, mas sim um estado de consciência, uma condição de felicidade e paz interior resultante do nosso grau de evolução espiritual.
Quanto mais nos purificamos e desenvolvemos virtudes como o amor, a caridade, a humildade e a justiça, mais nos aproximamos desse estado de bem-aventurança. A percepção do Reino dos Céus, portanto, é subjetiva e proporcional ao nosso progresso moral.
Conceituando o Reino dos Céus Segundo o Espiritismo:
O Reino dos Céus, na visão espírita, pode ser compreendido como:
- Um estado de espírito: Caracterizado pela paz interior, pela alegria, pela ausência de sofrimento e pela comunhão com os espíritos superiores.
- Um plano espiritual elevado: Habitado por espíritos que já alcançaram um alto grau de evolução moral e intelectual.
- A sintonia com a vontade divina: Resultante da prática do bem e da vivência das leis de Deus.
Trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Vamos analisar alguns trechos do Capítulo II, Item 4, “Meu Reino não é deste mundo”, que ilustram esses temas:
“Se o meu reino fosse deste mundo, os meus servos certamente combateriam para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João, XVIII: 36)
Neste trecho, Jesus deixa claro que sua realeza não se baseia no poder terreno, mas em uma autoridade de ordem espiritual.
“Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Para isto eu nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (João, XVIII: 37)
Aqui, Jesus define sua realeza como a da verdade, do exemplo moral e do amor, valores que transcendem as conquistas materiais.
“Os bens deste mundo são efêmeros e passageiros; as grandezas terrestres são vaidades que desaparecem com a vida. Só as virtudes são eternas e nos acompanham além do túmulo.” (Interpretação espírita da máxima de Jesus)
Esta interpretação espírita enfatiza a perenidade das conquistas morais em contraste com a transitoriedade dos bens materiais.
“O reino de Deus está dentro de vós.” (Lucas, XVII: 21)
Esta passagem nos revela que o Reino dos Céus não é um lugar distante, mas um estado de consciência que podemos alcançar através do nosso aprimoramento moral.
Em resumo, a realeza de Jesus é um modelo de superioridade moral que nos convida a buscar as verdadeiras riquezas: as do espírito.
As conquistas morais são os passaportes para a felicidade eterna e nos abrem as portas para a percepção do Reino dos Céus, um estado de paz e bem-aventurança que reside em nós mesmos e que se manifesta plenamente na vida espiritual.