Mistificação e Fascinação

No espiritismo, mistificação e fascinação são dois fenômenos distintos relacionados à influência de espíritos, especialmente no contexto da mediunidade e da comunicação com o plano espiritual. A principal diferença reside na percepção e no grau de influência exercida pelo espírito.

Mistificação:

  • Engano consciente ou inconsciente: A mistificação ocorre quando há um engano, uma burla ou uma ilusão na comunicação ou nos fenômenos espíritas. Isso pode ser causado tanto pelo médium (conscientemente ou por influência do seu próprio psiquismo – animismo) quanto por espíritos mistificadores.
  • Percepção do engano: Geralmente, na mistificação, o engano é ou pode ser percebido, seja pelo médium, pelos participantes da reunião ou por observadores externos. Os sinais podem ser contradições, informações falsas, comportamentos inadequados do espírito comunicante ou fenômenos sem lógica.
  • Intenção de enganar (frequentemente): Espíritos mistificadores muitas vezes têm a intenção de confundir, perturbar ou até mesmo ridicularizar as crenças e os praticantes do espiritismo.
  • Exemplos:
    • Um médium que, consciente ou inconscientemente, inventa mensagens ou fenômenos para impressionar.
    • Um espírito zombeteiro que se apresenta com um nome falso ou transmite informações sem sentido ou maliciosas.
    • Fenômenos físicos grosseiros ou sem propósito educativo.

Fascinação:

  • Ilusão paralisante do julgamento: A fascinação é uma forma mais sutil e perigosa de influência espiritual. Trata-se de uma ilusão criada diretamente no pensamento do médium (ou de outra pessoa), que paralisa sua capacidade de julgar as comunicações de forma crítica e racional.
  • Ausência de percepção do engano: A característica fundamental da fascinação é que a pessoa fascinada não se considera enganada. O espírito fascinador consegue inspirar uma confiança cega, impedindo que a pessoa veja o absurdo ou a falsidade das mensagens ou das ideias transmitidas.
  • Domínio intelectual e moral: O espírito fascinador exerce um domínio sobre o intelecto e, por vezes, sobre a vontade da pessoa, levando-a a aceitar como verdade absoluta o que é dito, mesmo que seja ilógico ou moralmente questionável.
  • Consequências graves: A fascinação pode ter consequências muito mais graves que a mistificação simples, pois pode levar a pessoa a erros doutrinários, comportamentos inadequados e até mesmo à obsessão em graus mais avançados.
  • Exemplos:
    • Um médium que recebe mensagens de um espírito que se apresenta como altamente evoluído, mas que transmite ideias egoístas ou contrárias aos princípios espíritas, e o médium aceita tudo sem questionar.
    • Uma pessoa que se torna cega às evidências e segue cegamente as orientações de um espírito que a isola de outras pessoas ou a induz a práticas prejudiciais.

Em resumo:

Característica Mistificação Fascinação
Natureza Engano, burla, ilusão Ilusão que paralisa o julgamento
Percepção do Engano Geralmente perceptível Não há percepção do engano pela pessoa fascinada
Influência Mais superficial, pode ser facilmente detectada Profunda, afeta o intelecto e o julgamento
Intenção Frequentemente intencional Intencional, com o objetivo de dominar
Gravidade Geralmente menos grave Potencialmente mais grave

É crucial no estudo e na prática do espiritismo desenvolver o discernimento e a capacidade de análise para distinguir comunicações e fenômenos genuínos de mistificações e estados de fascinação, buscando sempre a coerência com os princípios da Doutrina Espírita, a lógica e o bom senso.

Relação entre Fascinação e Mistificação na Doutrina Espírita:

Na perspectiva espírita, a fascinação é uma forma de mistificação na qual o Espírito obsessor consegue envolver o médium de tal maneira que ele se torna cego à mistificação. O médium fascinado é a vítima da mistificação, mas não a reconhece.

Allan Kardec enfatiza a importância do estudo, da razão e do bom senso para discernir a verdade e evitar tanto a fascinação quanto a mistificação nas práticas mediúnicas. A análise criteriosa das comunicações, a busca por coerência com os princípios da Doutrina Espírita e o afastamento de tudo que incite ao orgulho ou ofereça facilidades são considerados antídotos importantes contra esses fenômenos.

Em resumo, segundo a Doutrina Espírita, a fascinação é uma forma grave de obsessão caracterizada por uma ilusão que paralisa o raciocínio do médium, tornando-o suscetível à mistificação perpetrada por Espíritos enganadores. A vigilância, o estudo e a humildade são essenciais para evitar esses escolhos na prática mediúnica.

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