O Exercício da Caridade Integral à Luz da Moral Evangélica de Jesus Cristo

Explicação detalhada da “caridade integral”  sob a ótica da Doutrina Espírita, em conformidade com a moral evangélica de Jesus Cristo.

 

“A caridade integral é o instrumento mais poderoso de elevação espiritual, que nos conduz à sentir o amor incondicional de Deus em nós.

Continue e que a paz de Deus lhe alcance e se instale cada vez mais vívida no íntimo do seu templo eterno, no coração, fazendo-lhe sentir, de pouco em pouco, a plenitude de um Espírito Livre de suas sombras.”

“A caridade integral é o instrumento mais poderoso de elevação espiritual, que nos conduz a sentir o amor incondicional de Deus em nós”, é um convite profundo à reflexão e à prática de um dos pilares mais significativos da jornada evolutiva do Espírito. Não se trata de uma caridade meramente assistencialista, mas de um compromisso holístico com a transformação do ser, alicerçado nos ensinamentos do Cristo e compreendido à luz da Doutrina Espírita.

O Que é a Caridade Integral?

A “caridade integral” transcende a doação material e a ajuda pontual. Ela abrange todas as dimensões do ser humano, manifestando-se em atos, pensamentos e sentimentos, sempre com o objetivo de promover o bem-estar e a evolução de todos os envolvidos, incluindo a si mesmo. É a prática do “amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mateus 22:37-39) em sua plenitude, aplicando-o em cada aspecto da vida.

Suas Diferentes Formas e Meios de Praticá-la:

  1. Caridade Material: Embora não seja a única, é uma face importante. Inclui a doação de recursos, alimentos, roupas, moradia, auxílio financeiro a quem necessita. É o amparo às necessidades básicas do corpo físico, mas deve ser feita com discernimento e sem ostentação, buscando promover a autonomia do assistido.
  2. Caridade Moral: Esta é a forma mais sutil e, muitas vezes, mais desafiadora. Manifesta-se através de:
    • Perdão: A capacidade de perdoar ofensas, mágoas e ressentimentos, libertando-se e ao outro do peso do passado.
    • Tolerância: A aceitação das diferenças de opinião, crença, cultura e comportamento, sem julgamento ou preconceito.
    • Compreensão: A capacidade de se colocar no lugar do outro (empatia), buscando entender suas motivações, dificuldades e dores.
    • Fraternidade: O sentimento de irmandade universal, reconhecendo a todos como filhos de Deus e partilhando o mesmo destino evolutivo.
    • Respeito: A consideração pela dignidade, liberdade e individualidade de cada ser.
    • Paciência: A virtude de suportar adversidades e demoras com serenidade, tanto consigo mesmo quanto com os outros.
    • Brandura: A suavidade no trato, a ausência de aspereza nas palavras e ações.
    • Benevolência: O desejo sincero do bem para todos, sem exceção.
  3. Caridade Intelectual: Consiste em compartilhar o conhecimento de forma desinteressada e humilde, auxiliando no esclarecimento e na busca pela verdade. Isso inclui:
    • Educação: Ajudar na formação e no desenvolvimento de indivíduos.
    • Orientação: Oferecer conselhos e direcionamentos construtivos.
    • Esclarecimento: Propagar o conhecimento, especialmente aquele que liberta das superstições e do obscurantismo.
  4. Caridade Espiritual: É o mais elevado degrau, pois visa à elevação do Espírito. Manifesta-se através de:
    • Oração Intercessória: Rogar por aqueles que sofrem, tanto encarnados quanto desencarnados.
    • Vibrações Positivas: Enviar pensamentos de paz, amor e cura.
    • Auxílio aos Desencarnados: Trabalhar em grupos de auxílio espiritual, amparando Espíritos em sofrimento ou desorientados.
    • Evangelização: Divulgar a mensagem de Jesus, não de forma proselitista, mas pelo exemplo e pelo esclarecimento.

Moral Evangélica de Jesus Cristo e o Exercício Diário

A caridade integral encontra sua essência na moral evangélica de Jesus Cristo. Ele nos ensinou a amar, perdoar, servir, ter humildade e a buscar a perfeição. A prática dessa caridade não é um evento isolado, mas um exercício diário de autoanálise, autoconhecimento e reforma íntima.

  • Autoanálise: É o olhar honesto para dentro de si, identificando pensamentos, sentimentos e ações que estão em desarmonia com os preceitos do Evangelho. É questionar-se: “Como reagi hoje? Fui paciente? Fui justo? Fui amoroso?”
  • Autoconhecimento: É a compreensão profunda de nossas virtudes a serem desenvolvidas e de nossas imperfeições a serem superadas. Através da autoanálise, identificamos padrões de comportamento e pensamentos que precisam ser transformados.
  • Reforma Íntima: É o esforço contínuo para modificar essas imperfeições, substituindo-as por virtudes. É um trabalho paciente e persistente, que visa à depuração do Espírito, à poda das “sombras” (orgulho, egoísmo, vaidade, inveja, raiva, etc.) e ao florescimento das “luzes” (humildade, caridade, paciência, perdão, etc.). É um compromisso com a transformação de si mesmo para melhor.

Evolução Espiritual e Nossa Natureza Espiritual

A Doutrina Espírita nos esclarece que somos Espíritos imortais, criados por Deus, simples e ignorantes, destinados à perfeição. A evolução espiritual é o processo contínuo pelo qual o Espírito adquire conhecimento, virtudes e moralidade, aproximando-se cada vez mais de Deus. A caridade integral é o motor desse progresso, pois nos impulsiona a superar o egoísmo e a nos conectar com o amor divino.

Todos Somos Médiuns: Sensibilidade Psíquica e Mediunidade Ostensiva

O Espiritismo nos ensina que todos somos médiuns em algum grau, pois a mediunidade é uma faculdade inerente ao Espírito, uma forma de comunicação entre os dois planos da vida: o físico e o espiritual. A mediunidade é a sensibilidade do Espírito encarnado em perceber e transmitir influências e comunicações dos Espíritos desencarnados.

Através da depuração de nossas sombras (imperfeições intelecto-morais), ou seja, pela reforma íntima, aumentamos nossa sensibilidade psíquica. Um Espírito mais puro, menos apegado às paixões mundanas, mais desprendido do egoísmo e do orgulho, possui uma sintonia mais fina com as esferas elevadas da espiritualidade. Essa depuração facilita a recepção de intuições e inspirações superiores.

Caso esteja em nosso plano reencarnatório, essa sensibilidade psíquica mais apurada pode otimizar a mediunidade que nos venha a ser conferida de forma ostensiva. A mediunidade ostensiva (psicofonia, psicografia, vidência, etc.) é uma faculdade concedida por Deus, por autorização e misericórdia divina, com o objetivo de ser um instrumento de auxílio e esclarecimento para a humanidade. Ela não é um privilégio, mas uma responsabilidade. A sua manifestação e utilidade dependem diretamente da moralidade do médium, pois a pureza de seus pensamentos e sentimentos atrai Espíritos superiores e benéficos, enquanto a falta de vigilância moral pode atrair Espíritos menos esclarecidos.

Reencarnação, Humildade e Gratuidade no Exercício da Mediunidade

A reencarnação é a lei que permite ao Espírito renascer em novos corpos, em diferentes existências, para continuar seu aprendizado e expiação. É a oportunidade de corrigir erros passados, adquirir novas experiências e desenvolver virtudes. A prática da caridade integral é a melhor forma de se preparar para as próximas encarnações e de resgatar débitos pretéritos.

A humildade é a base da caridade e um alicerce fundamental para o desenvolvimento espiritual e mediúnico. Reconhecer-se como um instrumento de Deus, sem vaidade ou orgulho pelos dons recebidos, é essencial. A humildade nos faz compreender que não somos mais do que o que Deus nos permite ser, e que toda capacidade provém Dele.

No exercício da mediunidade, a gratuidade é inegociável. A mediunidade é um dom de Deus, não uma profissão. Cobrar por ela desvirtua sua finalidade sagrada e atrai Espíritos interesseiros e menos elevados. A mediunidade deve ser exercida com desinteresse, como um serviço ao próximo, em total sintonia com o “Dai de graça o que de graça recebestes” (Mateus 10:8).

Vigilância e Oração

Por fim, a vigilância e a oração são ferramentas indispensáveis no caminho da caridade integral e da depuração espiritual.

  • Vigilância: Significa estar atento aos próprios pensamentos, sentimentos e ações, controlando impulsos negativos e evitando as tentações do orgulho e do egoísmo. É um estado de alerta constante contra as influências inferiores, tanto externas quanto internas.
  • Oração: É a elevação do pensamento a Deus. É o diálogo íntimo com o Criador, uma forma de rogar auxílio, agradecer, pedir perdão e fortalecer os laços com o Alto. A oração sincera e humilde atrai a proteção e a inspiração dos bons Espíritos, que nos auxiliam em nossa jornada de aperfeiçoamento.

A caridade integral, portanto, é um caminho de luz, de transformação contínua, que nos leva à plenitude de um Espírito livre de suas sombras, capaz de sentir o amor incondicional de Deus e de ser um instrumento de paz e progresso no mundo. Que a paz de Deus nos alcance e se instale cada vez mais vívida no íntimo do nosso templo eterno, no coração, fazendo-nos sentir, de pouco em pouco, a plenitude de um Espírito Livre de suas sombras.

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