O Homem Elétrico no Espiritismo

O “fenômeno do homem elétrico” no Espiritismo refere-se a indivíduos que apresentam uma capacidade inata de gerar ou manifestar uma espécie de “eletricidade natural” ou “fluido” que pode causar efeitos físicos, como choques, atração e repulsão de objetos leves, interferência em aparelhos eletrônicos, ou até mesmo luminosidade em certas circunstâncias.

O que é o “Homem Elétrico” no Espiritismo?

No contexto espírita, é importante distinguir o “homem elétrico” do médium comum. Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, aborda essa questão:

  • Pessoas Elétricas: São indivíduos que, por suas próprias disposições físicas e perispirituais, emanam um tipo de energia que pode causar fenômenos de natureza elétrica. Kardec esclarece que, por si só, essas pessoas não são médiuns no sentido estrito da palavra, pois os fenômenos que produzem não são necessariamente resultado direto da intervenção de um Espírito comunicante, mas sim de uma propriedade intrínseca ao seu organismo. É como se tivessem uma “carga” eletromagnética mais acentuada. A Revista Espírita de 1869 relata o caso de uma “criança elétrica” que manifestava eflúvios brilhantes e efeitos de atração e repulsão.

  • Distinção da Mediunidade: A mediunidade, em sua essência, implica a faculdade de servir de intermediário entre o mundo espiritual e o mundo material, permitindo a comunicação de Espíritos desencarnados. Embora uma pessoa “elétrica” possa ter essa faculdade, o fenômeno elétrico em si não é, segundo Kardec, uma manifestação mediúnica, mas sim uma propriedade física particular do indivíduo. No entanto, um Espírito pode se aproveitar dessas disposições naturais para produzir fenômenos, como o caso de médiuns de efeitos físicos que geram ruídos ou movimentam objetos.

  • Fluido Vital e Fluido Espiritual: O Espiritismo compreende que o corpo físico é permeado por um fluido vital, uma espécie de energia que sustenta a vida. Os Espíritos, por sua vez, possuem um perispírito, que é um invólucro fluídico semimaterial. A interação desses fluidos, tanto do encarnado quanto do desencarnado, é a base para a produção de muitos fenômenos. O “homem elétrico” teria uma capacidade particular de exteriorizar ou manipular esse fluido vital de forma mais ostensiva, gerando os efeitos que observamos.

Por que se sente com mais intensidade certas sensações?

A sensibilidade aumentada de um “homem elétrico” para certas sensações e energias pode ser explicada por:

  1. Maior Afinidade Fluídica: Esses indivíduos possuiriam uma constituição perispiritual (o corpo fluídico que envolve o espírito) mais permeável e com maior capacidade de intercâmbio energético com o ambiente e com os Espíritos. Isso os tornaria mais receptivos às vibrações e fluidos, sejam eles provenientes de outras pessoas, de ambientes ou de entidades espirituais.

  2. Sensibilidade Eletromagnética: Como o próprio nome sugere, há uma analogia com a eletricidade física. Assim como certos materiais são melhores condutores ou isolantes, o perispírito e o corpo físico de uma pessoa “elétrica” seriam mais “condutores” de energias sutis, o que levaria a uma percepção mais acentuada de campos energéticos.

  3. Sintonia Vibratória: O Espiritismo ensina que a afinidade se dá por sintonia vibratória. Pessoas “elétricas” podem ter uma faixa vibratória que facilita a percepção de certas energias ou a atração de determinados tipos de influências espirituais. Isso pode se manifestar em:

    • Percepção da presença espiritual: Calafrios, arrepios, sensação de “peso” ou “leveza” no ambiente, como se a temperatura mudasse sem razão aparente.
    • Reações a emoções alheias: A capacidade de “sentir” as emoções de outras pessoas (empatia fluídica), mesmo que elas não as expressem verbalmente.
    • Influência em aparelhos eletrônicos: Descargas elétricas, falhas em equipamentos, lâmpadas que piscam, devido à emissão de fluido que interage com os campos eletromagnéticos dos aparelhos.

Existe algum livro que relate fatos históricos de médiuns homens elétricos? Quais seriam eles, os livros e os médiuns e a descrição detalhada?

O principal trabalho que aborda o tema de “pessoas elétricas” e a sua relação com a mediunidade é:

  • “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec: Neste livro, Allan Kardec dedica uma seção (Capítulo XIV, item “Pessoas elétricas”) a este fenômeno. Ele discute se essas pessoas podem ser consideradas médiuns, concluindo que, embora não o sejam no sentido tradicional, suas disposições naturais podem ser aproveitadas pelos Espíritos para a produção de efeitos físicos. Kardec não se aprofunda em casos específicos de “homens elétricos” com descrições detalhadas de suas vidas, mas sim na análise do fenômeno em si e sua distinção da mediunidade em geral.

    • Descrição Detalhada: Kardec menciona que essas pessoas podem produzir, por simples contato, “todos os efeitos de atração e repulsão”, e que “parecem dotadas de uma certa carga de eletricidade natural, verdadeiros torpedos humanos”. Ele enfatiza que a faculdade não é, por si mesma, indício de estado patológico.

Além de “O Livro dos Médiuns”, a Revista Espírita, também codificada por Allan Kardec, ocasionalmente trazia relatos de fenômenos análogos. Um exemplo notável é o caso da “criança elétrica” de Saint-Urbain, publicado na Revista Espírita de Abril de 1869.

  • A “Criança Elétrica” de Saint-Urbain (Revista Espírita, Abril de 1869): O relato descreve uma criança que apresentava fenômenos estranhos, como desprendimento de eflúvios brilhantes (semelhantes a vaga-lumes) de suas extremidades, e o acentuar desses fenômenos à medida que crescia. Jornais da época descreviam a criança como “luminosa” e capaz de produzir efeitos análogos aos de um peixe-elétrico. Kardec analisa o caso como um fenômeno puramente físico, uma variação das pessoas ditas “elétricas”, e não como algo sobrenatural ou miraculoso.

Importante:

É crucial notar que a abordagem de Kardec sobre as “pessoas elétricas” é científica e racional, buscando diferenciar o fenômeno puramente físico da intervenção espiritual direta. Ele sempre instigou a observação e o estudo para compreender a natureza desses acontecimentos.

Não há, no Espiritismo, uma vasta catalogação de “médiuns homens elétricos” com biografias detalhadas, como se vê em outras categorias mediúnicas (médiuns escreventes, curadores, etc.). O foco maior recaiu na compreensão do mecanismo do fenômeno em si, e como ele se diferencia ou se relaciona com a mediunidade de efeitos físicos. No entanto, as obras de Kardec fornecem a base para entender que essas manifestações são naturais e obedecem a leis ainda pouco compreendidas pela ciência material, mas que encontram sua explicação nos princípios da ciência espírita sobre a interação entre os fluidos e o perispírito.

O “fenômeno do homem elétrico” no Espiritismo refere-se a indivíduos que manifestam uma capacidade peculiar de exteriorizar ou interagir com fluidos, gerando efeitos físicos que se assemelham à eletricidade. No contexto espírita, é fundamental diferenciar essa característica da mediunidade em si, embora ambas possam coexistir.

O que é o “Homem Elétrico” no Espiritismo?

Segundo Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, as “pessoas elétricas” são indivíduos que, por suas próprias disposições físicas e perispirituais, emanam um tipo de energia que pode causar fenômenos de natureza elétrica.

Passagens de “O Livro dos Médiuns” (Capítulo XIV – Das Pessoas Elétricas):

Kardec explica que:

“Pessoas elétricas são aquelas que, por si mesmas, sem a intervenção de um Espírito, produzem efeitos de atração e repulsão, por simples contato. Dir-se-ia que são dotadas de uma certa carga de eletricidade natural, verdadeiros torpedos humanos. Experiências concludentes provaram que, em muitos casos, a eletricidade é o agente único. É uma faculdade estranha, quase um mal-estar, que pode ser associada à mediunidade, mas que é muitas vezes independente de qualquer aptidão mediúnica. A única prova da intervenção do Espírito é o caráter inteligente das manifestações.”

Ele destaca que, por si só, essas pessoas não são médiuns no sentido estrito da palavra, pois os fenômenos que produzem não são necessariamente resultado direto da intervenção de um Espírito comunicante, mas sim de uma propriedade intrínseca ao seu organismo, como se tivessem uma “carga” eletromagnética mais acentuada. No entanto, um Espírito pode se aproveitar dessas disposições naturais para produzir fenômenos, como no caso de médiuns de efeitos físicos que geram ruídos ou movimentam objetos.

Caso Histórico: A “Criança Elétrica” da Revista Espírita

Um dos relatos mais notáveis de “pessoas elétricas” encontra-se na Revista Espírita de Abril de 1869, sob o título “A Criança Elétrica”.

Passagem da “Revista Espírita de Abril de 1869”:

O artigo descreve o caso de um menino, filho de camponeses em Saint-Urbain, que desde o nascimento manifestava fenômenos físicos incomuns:

“Um caso de um menino, filho de camponeses, que desde o seu nascimento é uma fonte de fenômenos de efeitos físicos. Depois de batizado, o bebê se tornou impalpável e intangível, semelhante a uma garrafa de Leyde carregada de eletricidade. O bebê também emite eflúvios brilhantes de suas extremidades, assemelhando-se a um vaga-lume.”

“À medida que o bebê se desenvolve, esses fenômenos se intensificam, com objetos como colheres e xícaras tremendo quando próximos à criança. À noite, o berço parece se encher de uma luz esbranquiçada, semelhante à fosforescência vista no rastro de navios. Apesar dessas ocorrências, o bebê parece inalterado, alimentando-se e dormindo normalmente. Os pais, simples camponeses, não são elétricos nem luminosos.”

Kardec analisa esse caso como um fenômeno puramente físico, uma variação das pessoas ditas “elétricas”, e não como algo sobrenatural ou miraculoso. Segundo a instrução de um guia da Sociedade de Paris mencionada no artigo, a criança seria um instrumento escolhido devido a circunstâncias passadas, e o fenômeno seria um teste para o espírito, que em uma vida anterior foi um taumaturgo que se passava por santo.

Sensações no Dia a Dia e Rigor Científico-Psicológico

As sensações experimentadas por um indivíduo com essa sensibilidade, o que poderíamos analogamente chamar de “hipersensibilidade fluídica” ou “sensibilidade energética elevada”, podem ser complexas e perpassam os campos físico, emocional e perceptual. Do ponto de vista médico-psicológico e buscando o máximo rigor científico possível dentro das limitações da terminologia para fenômenos ainda pouco compreendidos pela ciência convencional, podemos observar as seguintes manifestações:

  1. Hipersensibilidade Sensorial e Psicoemocional:

    • Sobrecarga Sensorial: O indivíduo pode experimentar uma intensidade sensorial aumentada, sentindo-se sobrecarregado em ambientes com muitos estímulos (multidões, ruídos altos, luzes intensas). Isso pode ser correlacionado com o conceito de Sensibilidade de Processamento Sensorial (SPS), uma característica do temperamento humano que predispõe à maior consciência de estímulos sutis e à maior profundidade de processamento cognitivo.
    • Empatia Fluídica / Contágio Emocional: Há uma percepção aguçada das emoções e estados de humor de outras pessoas e do ambiente. Isso pode levar a uma ressonância límbica acentuada, onde o sistema nervoso autônomo do indivíduo “elétrico” pode se sincronizar inconscientemente com o estado emocional alheio, resultando em sensações de ansiedade, alegria, ou irritabilidade que não são originadas internamente. Psiquiatricamente, isso pode ser interpretado como um alto grau de empatia cognitiva e emocional, que em casos extremos pode levar à fadiga por compaixão ou a uma disregulação emocional se não houver mecanismos de autoproteção.
  2. Manifestações Físicas Inexplicáveis:

    • Fenômenos Eletrostáticos/Eletromagnéticos: A pessoa pode observar e sentir descargas eletrostáticas mais frequentes (leves choques ao tocar objetos, cabelos eriçados). Em alguns casos, pode haver uma interferência perceptível em aparelhos eletrônicos, como mau funcionamento temporário de lâmpadas, televisores ou dispositivos móveis. Embora a ciência convencional não atribua esses fenômenos a “fluido vital” nesse contexto, um organismo com um potencial bioelétrico diferenciado, ou que interaja de forma peculiar com campos eletromagnéticos ambientais, poderia, hipoteticamente, gerar tais efeitos.
    • Sensações Cutâneas e Somáticas: Calafrios, arrepios (“piloereção”), sensação de correntes de ar ou de “peso” em ambientes, sem uma fonte térmica ou física aparente. Essas podem ser interpretadas como respostas somáticas a estímulos não-convencionais ou a uma disregulação do sistema nervoso autônomo (especialmente o parassimpático, associado a estados de relaxamento, ou o simpático, ligado a reações de luta ou fuga) em resposta a variações energéticas sutis do ambiente.
    • Alterações de Temperatura Corporal: Variações inexplicáveis na própria temperatura corporal ou sensação de frio/calor localizado, que podem ser manifestações psicossomáticas ou respostas neurofisiológicas a um aumento da atividade metabólica ou à interação com campos energéticos.
  3. Perturbações do Sono e Estados Alterados de Consciência:

    • Distúrbios do Sono: Dificuldade em dormir, sono fragmentado ou sonhos vívidos e por vezes perturbadores, possivelmente devido à percepção contínua de estímulos energéticos, mesmo durante o repouso. Isso pode ser classificado como insônia primária ou pesadelos, e a origem pode ser multifatorial, incluindo a hiperatividade neural ou a dificuldade do cérebro em “desligar-se” de estímulos sutis.
    • Sensação de Presença / Parassonia: Percepção de presenças invisíveis ou sons inaudíveis para outros, que podem ser interpretados como alucinações sensoriais (visuais, auditivas, táteis) se o indivíduo não tiver um contexto de compreensão para tais experiências. No entanto, no Espiritismo, essas são frequentemente atribuídas à interação com entidades espirituais. No contexto médico, é crucial descartar condições como parassonia, narcolepsia com alucinações hipnagógicas/hipnopômpicas, ou até mesmo condições psiquiátricas.

É crucial abordar essas sensações com uma perspectiva integrativa. Embora o Espiritismo forneça um arcabouço para entender a dimensão fluídica e espiritual, a ciência médico-psicológica pode oferecer termos e conceitos que descrevem as manifestações físicas, emocionais e cognitivas dessas sensibilidades. A chave está em reconhecer que essas experiências, ainda que transcendam a compreensão científica atual, são reais para o indivíduo que as vivencia e merecem ser investigadas e compreendidas de forma multifacetada.

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