Passividade do Médium

No contexto do Espiritismo, a passividade do médium é um conceito crucial, mas que muitas vezes é mal interpretado. Longe de significar uma anulação completa da vontade ou da consciência do médium, ela se refere à sua capacidade de minimizar a interferência de suas próprias ideias, preconceitos e emoções na comunicação mediúnica, a fim de permitir que a mensagem do Espírito comunicante seja transmitida com a maior fidelidade possível.


O que significa passividade do médium?

Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, explica que o médium é considerado passivo quando não mistura suas ideias com as do Espírito que se comunica. Isso não quer dizer que o papel do médium seja nulo; ele é sempre um instrumento, e sua alma exerce uma influência na comunicação, que pode ser maior ou menor.

A passividade mediúnica implica uma postura de vigilância e colaboração, e não de total inércia. O médium precisa estar atento para facilitar a comunicação, mas sem impor seus próprios pensamentos. É um estado de sintonia e confiança com o plano espiritual, onde o médium se abre para ser um canal, sem se anular.

É importante diferenciar a passividade de um estado de inconsciência total ou subjugação. Em comunicações mediúnicas inconscientes, o médium pode não ter plena ciência do que está sendo dito, o que tende a reduzir a influência do seu pensamento. No entanto, mesmo nesses casos, não há uma anulação completa da vontade do médium.


Graus de passividade mediúnica

Embora não haja uma classificação rígida de “graus” de passividade no sentido de uma escala numérica, podemos entender a passividade como um contínuo, onde o médium, com o tempo e o aprimoramento moral, consegue atingir níveis maiores de desprendimento e fidelidade na transmissão.

Podemos considerar a passividade em relação a alguns aspectos:

  • Influência do médium: Em médiuns menos passivos, a influência de suas ideias, vocabulário e até mesmo seu estado emocional pode ser mais perceptível na comunicação. Em médiuns mais passivos, a originalidade do pensamento do Espírito comunicante se manifesta de forma mais clara.
  • Controle consciente: Alguns médiuns podem ter uma intuição do que estão dizendo, ou mesmo acompanhar o processo de comunicação de forma mais consciente (médiuns intuitivos e semimecânicos, por exemplo). Outros podem ter uma participação mais inconsciente (médiuns mecânicos), onde a mensagem parece vir “pronta”, com menor interferência do seu raciocínio. No entanto, mesmo os médiuns mecânicos não são completamente nulos.
  • Fidelidade da mensagem: A verdadeira passividade se manifesta na capacidade do médium de transmitir a mensagem de forma fidedigna, sem alterá-la para se adequar às suas próprias crenças ou desejos. Isso requer um grande despojamento do ego e um compromisso com a verdade.
  • Flexibilidade e sintonia: Um médium mais passivo tem maior capacidade de se sintonizar com diferentes tipos de Espíritos e de se adaptar às diversas necessidades da comunicação, seja para consolo, esclarecimento ou auxílio.

Em resumo, a passividade do médium é um processo de aprendizado e desenvolvimento moral. Quanto mais o médium se eleva moralmente, mais apto ele se torna a ser um instrumento puro e fiel da comunicação espiritual, exercendo uma “passividade ativa” que envolve confiança, disciplina e cooperação consciente com o plano espiritual.

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